sexta-feira, 3 de abril de 2009

O Precedente (Parte I)



A nossa cidade é, para mim, o lugar ideal para viver. Apesar de todos os defeitos que possamos encontrar, apresenta um conjunto de características físicas que permite a obtenção de qualidade de vida no quotidiano. Destacaria três dessas qualidades. A primeira resulta do facto de ser bastante plana, o que facilita práticas saudáveis que, diariamente, observámos sobretudo ao longo da marginal. A segunda relaciona-se com a presença constante do mar que, para além dos ruídos tranquilizadores que provoca e dos cheiros a maresia, infelizmente cada vez menos sentidos, ameniza a temperatura e torna a cidade atraente, sobretudo nas estações intermédias. A terceira está associada à sua localização geográfica, dado que está suficientemente longe do stress quotidiano de cidades de maior dimensão como, por exemplo, Porto, Braga ou Gaia, mas, paradoxalmente, suficientemente perto dessas cidades para beneficiar de tudo aquilo que possa estar ligado às suas maiores capacidades polarizadoras, nomeadamente em termos de oferta de serviços ligados à educação, saúde, cultura, desporto e lazer.
Talvez por estas e outras razões, o nosso território, à semelhança do que aconteceu noutras localidades do nosso litoral, foi sujeito, nos longínquos anos 70/80, a uma pressão muito forte por parte de muitos agentes económicos, ligados sobretudo ao imobiliário, que teve inúmeras consequências negativas no nosso espaço urbano.
A Póvoa de Varzim, num espaço de tempo curto, ficou completamente desorganizada, descaracterizada e com o futuro bastante comprometido. Não se tratou, apenas, da questão da substituição das construções existentes por prédios muito altos e sem preocupações estéticas que, para alguns, por incrível que pareça, foram vistos como símbolo de modernidade. Foi, também, o surto de construção sem qualquer tipo de correspondência ao nível das infra-estruturas de apoio. Foi, ainda, a machadada cruel na coesão social existente, que assentava, em grande parte, numa sociedade de forte ligação com o mar, através das actividades económicas que, directa ou indirectamente, dele resultavam.

2 comentários:

  1. Sem qualquer dúvida que a Póvoa de Varzim é uma terra de eleição para os seus habitantes e visitantes.
    Todas as suas características a definem como excelente para que seja possível aquela qualidade de vida por todos nós pretendida. Os desastres da construção de que foi vítima na década de oitenta, foi mais um dos fenómenos de interesses pessoais sobrepostos aos interesses locais e consequentemente ao enriquecimento da terra.
    No entanto, também não se pode ignorar o trabalho do Dr. Macedo Vieira, que apesar de ter chegado à autarquia com os cofres cheios, e com a grande vantagem de, a meu ver, no seu primeiro mandato ter tido o equilíbrio de não possuir o total poder e ter tido de dividir e discutir os temas com o PP e com a CDU, em muito contribuíram para essa obra.
    Quanto a mim, o pior veio depois quando a confiança foi conseguida e o reinado perdeu a necessidade da discussão sobre os interesses Poveiros.
    Felizmente ainda temos Homens capazes com o interesse no desenvolvimento, no progresso, no bem geral da sociedade.
    O meu bem-haja ao Luís Gonzaga Castro

    Manuel Coelho

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  2. Quando vem o precedente mesmo?

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