quinta-feira, 30 de abril de 2009

A Póvoa não é Oslo



Adoro viajar mas, infelizmente e como o dinheiro não abunda, nem sempre o faço directamente. Muitas vezes viajo através, por exemplo, da literatura, do cinema ou da Internet.
Como já repararam, sou um leitor assíduo do Público e, uma vez mais, estabeleço uma ligação para um artigo publicado neste dia sobre uma intervenção num espaço público litoral, em que a preocupação fundamental foi o estabelecimento de uma ligação mais forte com o mar através, neste caso, de um Centro Cultural, o edifício Ópera de Oslo.
Embora a Póvoa não seja Oslo, vale a pena tomar contacto com esta intervenção que terá, eventualmente, também muitos críticos mas que tenta e consegue o reforço da ligação com o mar.
E que tal o Garrett "Operado" na zona do Varzim/CDP/Parque de estacionamento?
Procurem observar o vídeo.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Plano de Pormenor - a discussão é importante


Está a decorrer, até ao próximo dia 19 de Maio, um período de discussão pública sobre o Plano de Pormenor referente aos terrenos do Varzim, CDP e da Praça de Touros. No dia de abertura coloquei, neste blog, uma ligação para o site da Câmara que permitia aceder à proposta e, em simultâneo, um inquérito sobre o grau de conhecimento do projecto, dado que é extenso, diverso, complexo e de difícil leitura e, naquele momento, parecia-me mais importante contribuir para o acesso à informação do que, propriamente, emitir opinião que não teria a fundamentação necessária.
Até à data, e que eu tenha conhecimento, estão previstos dois momentos de discussão. Um promovido pelo PS local para o dia 29 de Abril, na Biblioteca Municipal e outro, organizado pela Câmara Municipal para o dia 7 de Maio, no Auditório Municipal. Apesar deste último ocorrer numa data um pouco tardia, parece-me importante a participação nestas sessões, bem como noutros espaços de discussão como os que a blogosfera proporciona, para que, dentro de poucos dias, exista o máximo de opinião formada e, se possível, devidamente sustentada.
Quem acompanhou o meu artigo “O Precedente”, compreenderá que a posição que, oportunamente, tomarei será bastante crítica daquele plano mas, nesta altura, parece-me mais importante fomentar, ainda mais, a discussão, até porque a generalidade dos leitores que responderam ao inquérito dizia que o grau de conhecimento era superficial, ou mesmo inexistente.
Amanhã, assim que terminar o actual inquérito, lançarei um novo para que todos possam defender a posição que consideram mais apropriada face a este projecto de uma eventual e discutível nova centralidade.

sábado, 25 de abril de 2009

25 DE ABRIL SEMPRE



25 de Abril sempre foi o slogan que, ano após ano, habituámo-nos a ouvir da boca da generalidade dos portugueses.
Numa primeira fase e após a Revolução, parecia que aquela efeméride era exclusiva de todos os que tinham combatido a estúpida Ditadura do Estado Novo. Na verdade, havia uma espécie de “apropriação excessiva” dos fundamentos da Revolução que não correspondia ao seu principal desafio, o da liberdade, que deve estar presente em qualquer Estado ou organização.
Este facto, apesar de criticável, deve ser compreendido dado que a ausência de Democracia demorou uma eternidade e as grandes mudanças são, por natureza, vividas de modo intenso pelos seus intérpretes.
Com o passar do tempo e com a criação de novos hábitos, já em Democracia, aquela questão foi, naturalmente, resolvida e a Revolução passou a ser de quem sempre foi, ou seja do povo português.
Passados trinta e cinco anos sobre aquela data, e apesar de todos os défices democráticos que possam existir na Madeira ou no continente, é justo reconhecer a sua importância histórica que nos permite ter ideias diferentes, exercer o contraditório e defender propostas alternativas aos diversos poderes instituídos.
No entanto, nos últimos anos, assistimos a uma “nova apropriação” do slogan que passou a ser utilizado por políticos, oriundos da esquerda, centro ou direita que isso é irrelevante, ministros, secretários de estado, directores gerais, autarcas, administradores de empresas públicas, etc. Basta observarmos os programas de comemoração, por esse país fora, para constatarmos aquela realidade. Muitos dos que se apropriaram do slogan revelam, na sua prática política diária, exactamente o oposto dos ideais de Abril. Não aceitam a crítica, mesmo que seja devidamente fundamentada e reagem bastante mal, algumas vezes com agressividade despropositada e outras com enorme subtileza, a todos os que não entram na fila do unanimismo tão presente nas mais diversas escalas de análise: local e nacional. São aquilo a que poderíamos chamar “Democratas Não Praticantes”
Entendo que esta apropriação, associada às oportunidades sucessivamente desperdiçadas pelas tais elites, tem provocado fracturas na nossa coesão social e tem levado a um certo sentimento de revolta que políticos mais experientes reconhecem como possibilidade preocupante.
Depois de ter escrito este artigo li a crónica, desta sexta-feira, do jornalista Manuel Pina e apetece-me citar, como ele, Thomas Carlyle que, a propósito da Revolução Francesa, afirmava que as revoluções eram sonhadas por idealistas, realizadas por fanáticos e quem delas se aproveitava eram os oportunistas de todas as espécies.
Será verdadeira esta tese?
Seriam os vampiros?

quarta-feira, 22 de abril de 2009

O DIA DA TERRA



Hoje, dia 22 de Abril, comemora-se o Dia da Terra. Esta comemoração, efectuada sempre, desde 1990, resultou de uma acção do Senador norte-americano, Gaylord Nelson, que convocou, em 1970, o primeiro protesto nacional contra a poluição que conduziu, em conjunto com muitas outras acções em diverso pontos do planeta, à famosa Cimeira do Rio em 1992.
Os dados fornecido pela Agência Internacional de Energia (AIE) são preocupantes e revelam que o consumo de energia primária aumentou, entre 1990 e 2006, 34% e, mais grave, o peso dos combustíveis fósseis na estrutura do consumo mantém-se a níveis idênticos aos de 1990, ou seja representam 81% do consumo energético global.
O jornal Público apresenta, neste dia, um interessante dossier que aborda, sobretudo, a questão energética, não só a nível mundial como no nosso país. Apresenta pistas interessantes para os consumidores privados, para as instituições públicas associadas a grandes edifícios e para as empresas, dando grande ênfase à necessidade de existir uma maior eficiência energética, ou seja que o consumo de energia contribua mais para a produção de riqueza.
Li, com especial interesse e mesmo alguma surpresa, as medidas tomadas pelo município de Almada, que lançou uma autêntica “Revolução Urbana” premiada com o segundo lugar no Prémio Semana da Mobilidade Europeia 2008. Destaco a assinatura do Pacto dos Autarcas, iniciativa da Comissão Europeia à qual já aderiram 370 cidades que se comprometem com metas muito mais elevadas que a União para reduzir emissões, poupar energia e usar renováveis. Alargamento da rede do Metro, concretização de uma rede ambiciosa de ciclovias e valorização da bicicleta como meio de transporte, frotas automóveis híbridas, veículos de limpeza eléctricos, tecnologia mais eficiente para os semáforos e iluminação pública, instalação de painéis solares em edifícios públicos e tentativa de implementar, através de auditorias aleatórias, a legislação em vigor sobre eficiência energética dos edifícios (que pelos vistos ninguem cumpre) são algumas das medidas que, aparentemente, tornam este município, muitas vezes mal visto devido ao crescimento urbano exagerado, como um exemplo de boas práticas na área da energia.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Novas centralidades



Habituámo-nos, ao longo destas últimas décadas, a ouvir falar dos grandes problemas estruturais que o nosso país enfrenta e à incapacidade para lhes dar resposta. O crónico défice comercial e a fraca competitividade e produtividade são dois desses problemas, insistentemente, apontados como responsáveis pelo aumento da distância em relação aos níveis de desenvolvimento dos países mais desenvolvidos da União Europeia.
Portugal padece, também, de outra grave dificuldade que resulta da excessiva concentração de pessoas, vias de comunicação e actividades económicas no litoral, e particularmente nas áreas metropolitanas, por oposição às regiões do interior que estão, cada vez mais, abandonadas.
Mas se observarmos, com atenção, o que se passa na generalidade dos concelhos localizados no litoral constatámos que, também eles, sofrem do mesmo problema estrutural, ou seja da assimetria litoral/interior. Na esmagadora maioria dos casos vemos as áreas litorais dos concelhos pressionadas e as mais afastadas do mar esquecidas e, muitas vezes, abandonadas. Felizmente, algumas estão em áreas protegidas o que ainda possibilita, apesar de tudo, alguma segurança.
Também o nosso concelho sofre do mesmo problema. Se fizermos um resumo das intervenções, operadas ou em lista de espera, na Póvoa de Varzim nas últimas décadas verificámos que, a esmagadora maioria, se centra no litoral, ou nas proximidades. Se reflectirmos bem sobre este assunto, não só a população que vive nas áreas urbanas mais afastadas do mar como, sobretudo, a que reside nas chamadas “freguesias rurais” terá o mesmo tipo de queixas de centralismo, que, por exemplo, os alentejanos ou transmontanos sentem relativamente a Lisboa. Só a título de exemplo, na marginal já investimos milhões para construir, destruir e, novamente, construir.
É certo que grande parte do investimento foi feito com verbas da zona de jogo que não podem ser usadas livremente pelos responsáveis políticos mas que, também, não podem ser desbaratadas como aconteceu, por exemplo, com o antigo e famoso túnel para peões, no Passeio Alegre, que é daqueles casos típicos, referidos recentemente pelo Presidente da República, sobre a má avaliação da relação custo/benefício dos investimentos efectuados.
Quando ouvimos falar em novas centralidades, imediatamente o apetecível litoral surge como forte possibilidade através do discutível projecto previsto para a área ocupada actualmente pela Praça de Touros e pelas instalações do Varzim e do Desportivo.
Na minha opinião, este excessivo investimento no litoral tem tido a capacidade, paradoxal, de nos colocarmos mais no litoral, mas cada vez mais de costas, isto é, desvalorizando o potencial próprio que ele apresenta, parecendo, muitas vezes, que até renegámos as nossas origens de antiga comunidade piscatória.
Gostaria muito que, quando se falasse em novas centralidades no concelho, surgissem ideias de aproveitamento da nossa história e património, investindo, sobretudo, na recuperação e requalificação urbanas.
Penso, por exemplo, que uma intervenção global no espaço compreendido entre a Praça do Almada, a Igreja Matriz e a área do Hospital, faria todo o sentido. Poderia revitalizar o antigo centro histórico, à semelhança do que fizeram, com um impacto muito maior porque a tradição histórica também é diferente, cidades como, por exemplo, Guimarães. A recuperação dos edifícios, associada à ocupação dos espaços por funções, pessoais, recreativas e residenciais poderia contribuir para uma regeneração e revitalização da cidade, dando-lhe a vida que ela merece.
Reconheço que uma tarefa deste género, seria difícil e complexa, no que diz respeito à vertente financeira e, mesmo, técnica. Todavia, como iria romper com a vulgaridade da generalidade das intervenções nos nossos municípios, poderia funcionar como um importante factor de elevação da auto-estima dos poveiros. É evidente que para avançar com projectos desta natureza seria necessário enquadrá-los no perfil de programas governamentais ou, de preferência, nos que são financiados pela União Europeia, de modo a que fossem sustentados em termos financeiros.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Problemas técnicos


Durante esta sexta-feira, problemas técnicos impediram o acesso ao blogue através do Internet Explorer. Felizmente tenho colegas que dominam estas questões e o meu amigo Álvaro Gomes, a quem aproveito para agradecer, encarregou-se de os resolver.
No entanto foi necessário retirar, temporariamente, o inquérito sobre o grau de conhecimento do Plano de Pormenor, pelo que a votação voltou a zero. Quem já tinha escolhido a opção que se ajustava melhor ao seu caso pode votar novamente.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Plano de Pormenor para a zona do Varzim, CDP e Praça de Touros



Entre os dias 17 de Abril e 19 de Maio decorrerá um período de discussão pública sobre o Plano de Pormenor da Zona E54 do Plano de Urbanização da Póvoa de Varzim (PPE54), referente aos terrenos do estádio do Varzim Sport Club e do campo de treinos, do Clube Desportivo da Póvoa e da Praça de Touros.
Procurando contribuir para o conhecimento do conteúdo do plano e temendo que haja pouca participação cívica sobre um assunto tão relevante, apresento hoje este curto post associado a duas aplicações que, no conjunto, poderão favorecer o acesso à informação.
A primeira, trata-se de uma ligação para o site da Câmara Municipal onde poderão aceder ao aviso de abertura, formulário de participação, aos pareceres de diversas entidades e, mais importante, ao conteúdo das propostas.
A segunda aplicação procura inquirir sobre o interesse demonstrado no acesso ao conteúdo do referido Plano.
Apesar de já ter abordado a questão da construção prevista para este espaço, num contexto mais global no artigo O Precedente, tratarei, oportunamente, este tema específico, avançando então para a avaliação das propostas e, se possível, recorrendo a um novo inquérito.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Yo no creo en las brujas mas que las hay las hay



Nos últimos dias assistimos, em vários municípios, a um conjunto de situações que, passados tantos anos sobre a Revolução de Abril, já não deviam ocorrer.
Em todas, verificou-se que o partido ou grupo de cidadãos que tenta destronar os detentores do poder, inicia essa tarefa com a colocação de outdoors que lancem as suas mensagens ou mostrem os rostos propostos. No entanto, vê o seu esforço posto em causa dado que um conjunto zeloso de funcionários, a mando, provavelmente, de alguém com responsabilidades, encarrega-se de os retirar.
Foi assim, por exemplo, com cartazes de Narciso Miranda em Matosinhos, em que o poder local se encarregou de neutralizar dezenas de cartazes. Neste caso o poder exercido pelo PS não honra as raízes de liberdade e tolerância que estiveram na génese e na história desse partido a nível nacional, bem como da sua figura de referência, Mário Soares.
No nosso concelho, os cartazes, propostos pelo PS local, “Basta” estavam, pelos vistos, a ter alguma eficácia e, sob um pretexto que ainda desconhecemos, alguns foram retirados.
É triste que em Abril, e a tão poucos dias da Revolução dos Cravos, a agenda partidária esteja preenchida com este nível de intervenção que não é digno de uma Democracia consolidada da Europa e lembra mais o conteúdo de algumas das obras de muitos escritores latino americanos de referência quando retratam a realidade dos respectivos países.
Nos próximos dias e para estes e outros casos, vamos ouvir justificações dos detentores do poder a argumentar com a legalidade das decisões tomadas.
Mas podem dizer-nos tudo o que quiserem que não vão retirar a péssima imagem dada que, no caso da nossa cidade, é agravada pela coincidência da retirada dos cartazes "Basta" e a enorme azáfama local de divulgação da imagem da líder do PSD nacional.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

O Precedente (Parte IV - Conclusão)


Tantos anos de pessimismo e exageros, levaram os poveiros a acreditar que as únicas medidas possíveis, relativamente à desordem urbana existente, seriam as de minimização dos impactos negativos da exagerada construção verificada anteriormente. Dado que não sendo possível desfazer muitos dos erros do passado, por exemplo, “deitar abaixo as torres”, o único caminho seria o da não repetição do mesmo tipo de falhas e, em simultâneo, o avanço de medidas que melhorassem a qualidade de vida dos poveiros. É neste contexto que deve ser entendida, por exemplo, a recuperação urbana de toda a zona litoral que permitiu reforçar a sensação de que realmente estava a ser feito o que efectivamente era possível, atendendo às condicionantes existentes.
No entanto, as soluções apresentadas foram, quase sempre, ao sabor de modas dos técnicos ligados à construção e romperam, em demasia, com as heranças paisagísticas e arquitectónicas do passado. A título de exemplo, diria que foram muitos os poveiros que ficaram insatisfeitos com a solução encontrada para o Passeio Alegre que ficou árido, monótono e sem vida, quando anteriormente demonstrava, através dos jardins, das cores e do próprio piso, precisamente o contrário. Aliás, este tipo de obras de descaracterização dos espaços e de rompimento com o passado são típicas não só da Póvoa como, infelizmente, de muitos municípios portugueses que, contrariamente ao que se verifica noutros espaços europeus, parece que adoram apagar tudo o que sejam marcas do passado a troco de uma suposta modernidade que se torna rapidamente efémera e cansativa. Esta situação é, ainda, mais grave porque, do ponto de vista teórico, no Plano de Urbanização da Póvoa, defende-se exactamente o contrário, ou seja o “reforço da identidade” da cidade. Apetece perguntar qual identidade?
A aceitação de que estava a ser feito aquilo que podia ser realmente trabalhado com todas as condicionantes existentes, originou, no nosso município, uma espécie de unanimismo, na minha opinião perigoso a que sempre resisti, em torno da figura do actual Presidente da Câmara, Dr. Macedo Vieira, e que conduziu a esmagadoras maiorias absoluta nas eleições autárquicas de 1997 e 2001.
No entanto, tal como aconteceu no passado, mas agora com estilo diferente que consistiu na leitura atenta dos instrumentos legais existentes e no estudo dos mecanismos permitidos pela lei para os tornear, a pressão imobiliária voltou a atacar em força no decurso do corrente século. A aprovação do projecto imobiliário, com um bónus de 50%, para o local onde, noutros tempos, esteve a empresa Quintas e Quintas, constituiu, na minha opinião e apesar da sua legalidade, uma má decisão de natureza política dado que surgiu como um grave precedente para o retorno de um tipo de construção que, esperávamos, tivesse ficado arredado do nosso município. Na verdade, do ponto de vista formal, era admissível um aumento do Índice de construção até 1,8, e os responsáveis do poder local, por maioria, decidiram atribuir o máximo possível nesse intervalo de variação. Esperava-se coragem política para resistir a este ataque, ou, pelo menos, a defesa de uma posição intermédia entre o 1,2 e 1,8 mas a resposta foi claramente negativa. A justificação apresentada na altura, de uma eventual vantagem da saída da fábrica do interior da cidade, não correspondia ao que se verificava no terreno na medida em que os inconvenientes ambientais da sua laboração eram bem menores do que os que estavam associados, por exemplo, ao movimento diário do Mercado Municipal ou do Pingo Doce. Relativamente ao outro eventual benefício, manutenção da actividade e de postos de trabalho, nem vale a pena escrever qualquer palavra, atendendo aos desenvolvimentos verificados.
Quando somos informados, na actualidade, dos projectos previstos, por exemplo, para as instalações de duas importantes instituições de utilidade pública (Varzim e Desportivo), compreendemos que a excepção se torne, cada vez mais, a nova regra, dado que a decisão anterior abriu caminho a esta e, eventualmente, novas situações penalizadoras para a tão desejada qualidade de vida da cidade. Como já foi admitido publicamente pelo Presidente da Câmara e passo a citá-lo, com base na edição do jornal Público do dia 1 de Abril deste ano (e não foi mentira):
"Sabíamos que o PP estaria condicionado. Na zona envolvente houve excessos e a fazer agora um plano com uma volumetria politicamente correcta com o índice 1,2 [o previsto no Plano Director Municipal, ou seja, sem a excepção do PU ficava ali um anão relativamente ao resto. Chegou-se a um ponto de equilíbrio". Assim, Varzim e CDP terão o mesmo índice (1,79 para um máximo de 1,8).”
Passadas várias décadas sobre os mandatos do Dr. Manuel Vaz pergunto:
O que mudou?
Vão continuar a nascer “gigantes” para encaixarem bem com os grandalhões?
Se outras organizações/instituições tiverem assédios idênticos por parte de fortes grupos ligados à construção e apresentarem projectos concretos como reagirá o poder político?
É este o modelo de crescimento urbano desejado?
Não terá chegado a altura de mostrar a nossa indignação?

quarta-feira, 8 de abril de 2009

O Precedente (Parte III)


Respeitando, naturalmente, quem assim não pensa, entendo que a entrada de Portugal na Comunidade Europeia (actual União Europeia) foi um momento decisivo, não só para a consolidação da nossa jovem Democracia como também para a disponibilização de recursos e conceitos que levaram a uma aproximação, por parte da população, a padrões de vida mais elevados e à introdução de instrumentos e práticas que contribuíram, decisivamente, para mudanças qualitativas ao nível do planeamento e ordenamento do território.
Assim, ao longo da década de noventa, surgiram mecanismos legais que, com muitas resistências, permitiram que se colocasse um pouco de ordem no crescimento urbano das nossas cidades. Surgiram os Planos Municipais de Ordenamento do Território (PMOT), com destaque para os Planos Directores Municipais, para disciplinar o uso do solo em todo o município e os Planos de Urbanização que se referem especificamente às áreas urbanas e urbanizáveis. Ou seja, a nova geração de autarcas, ao contrário dos mais antigos, já não tinha o mesmo tipo de atenuantes, dado que já beneficiava de instrumentos de planeamento que poderiam e deveriam impedir a repetição dos erros do passado.
O acesso ao poder, nas autarquias, apresenta características muito próprias, dado que é uma tarefa dificílima para quem pretende alcançá-lo pela primeira vez e é quase impossível, depois de conquistado, perdê-lo. Por outro lado, no poder local, os cidadãos valorizam muito a figura do candidato e não tanto o partido pelo qual concorre. É neste contexto que deve ser entendida a estratégia de conquista do poder implementada pelo PSD Póvoa que, em 1989, conseguiu apresentar como candidato o tão criticado Dr. Manuel Vaz, que, apesar de tudo, reconquistou a Presidência da Câmara, agora por um partido diferente (anteriormente tinha sido eleito pelo CDS). Ficou um pouco a sensação de que “se não consegues derrotá-lo, junta-te a ele”.
Este mandato, marcado por profundas divergências internas, foi apresentado, pelo partido vencedor, como uma espécie de preparação para a tão desejada alteração de rumo. Ou seja, primeiro conquista-se o poder e, logo que possível, imprime-se uma mudança que, em princípio não poderia ser concretizada por quem, supostamente, tantos erros tinha cometido, ou seja pelo Dr. Manuel Vaz.
Nas eleições autárquicas de 1993 verificou-se um disputadíssimo acto eleitoral, sem a presença do Dr. Manuel Vaz, em que os poveiros foram confrontados, basicamente, com três possibilidades diferentes. A manutenção da linha de rumo anterior, interpretada pela candidatura do CDS que vencera sempre os actos eleitorais autárquicos desde 1976. A ruptura total com o passado, através de uma coligação que lançava uma figura bastante prestigiada no meio local (Dr. Cancela) mas que tinha a “dificuldade” de estar associada a forças de esquerda difíceis de aceitar num meio conservador e uma terceira via, aparentemente descomprometida e mais moderada, interpretada pela candidatura do PSD através de um independente (Dr. Macedo Vieira) que, paradoxalmente, integrava na sua lista “elementos do passado” que tinham trabalhado com o Dr. Manuel Vaz.
Tratou-se de um acto eleitoral altamente disputado, em que o PSD venceu por menos de um milhar de votos. Foram eleitos três vereadores do PSD, três do CDS e um do PCP/PEV. Não havendo maioria absoluta, houve necessidade obrigatória de diálogo e ficou a sensação, para muitos poveiros, que, finalmente, se tinha encontrado um equilíbrio que permitiria a mudança de paradigma no modelo de desenvolvimento do município.
O trabalho autárquico, no período compreendido entre 1993 e 1997, apresentou novas propostas e dinâmicas, associadas ao planeamento, lazer, desporto e cultura, não se percebendo, muito bem, se resultavam das ideias do “novo poder”, do valor acrescentado pelo Dr. Cancela (vereador eleito pelo PCP/PEV) ou de uma mistura de ambos. Muita gente falou de “uma espécie de coligação”, mas a verdade é que, neste período, houve uma interrupção da pressão a que a nossa cidade tinha estado sujeita.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

O Precedente (Parte II)

Muito se disse e se escreveu sobre as causas e os principais responsáveis pelo autêntico desvario urbano da Póvoa dos anos 70 e 80. Sem querer desculpar os responsáveis políticos que exerceram o poder naquele período nem parecer ingénuo, parece-me, a bem da verdade, que o contexto em que surgiram as malditas alterações, resultaram muito mais da combinação de vários factores e não tanto de uma resposta simplista, muitas vezes ouvida, de que os causadores de todos esses males terão sido as sucessivas equipas lideradas pelo Dr. Manuel Vaz (por mais erros que tenham cometido).
Temos que reconhecer que, as grandes transformações políticas verificadas no período a seguir ao 25 de Abril de 1974, conduziram ao poder, através de eleições tão desejadas por todos, um conjunto de cidadãos que, em muitos casos, não estavam preparados nem tinham os instrumentos legais que, felizmente, hoje existem, para enfrentar interesses tão poderosos e desregulados, como eram os da construção e promoção imobiliária. Não nos podemos esquecer que a construção era um autêntico “Negócio da China”, dado que possibilitava lucros desenfreados e uma segurança dos investimentos muito superior a qualquer depósito bancário, mesmo do tipo “BPN/Oliveira e Costa”. Quem não se lembra dos apartamentos sinalizados na planta por uma quantia irrisória e vendidos, depois de prontos, por valores que correspondiam a margens de lucro que fariam inveja a Bernard Madoff e ao seu esquema de pirâmide.
Não pretendendo branquear os mandatos do Dr. Manuel Vaz, parece-me importante fazer este enquadramento.
Mas a verdade indiscutível, é que, em meados dos anos oitenta, uma grande parte da população poveira, sobretudo urbana, independentemente da sua cor político partidária, entendia que o caminho que estava a ser seguido teria que ser interrompido, de modo a que fosse possível mudar de paradigma e promover um modelo de desenvolvimento do concelho completamente diferente daquele que vigorara até então. Um modelo de desenvolvimento em que a criação de riqueza de curto prazo não fosse a única preocupação. Um modelo em que o ambiente fosse respeitado. Um modelo em que os responsáveis teriam a obrigação não comprometer o futuro das gerações mais novas. Ou seja, um modelo de desenvolvimento sustentável.
Recordo-me de assistir, apesar de nunca ter pertencido a qualquer partido político, a um fórum de discussão sobre estas questões, no espaço do antigo cinema Santa Clara, em que a participação da população ultrapassou, e de que maneira, o “espaço partidário” da força que o promoveu comprovando que, apesar conservadorismo típico dos poveiros, havia condições para uma efectiva mudança. Dava a sensação de que “sim, nós podíamos”.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

O Precedente (Parte I)



A nossa cidade é, para mim, o lugar ideal para viver. Apesar de todos os defeitos que possamos encontrar, apresenta um conjunto de características físicas que permite a obtenção de qualidade de vida no quotidiano. Destacaria três dessas qualidades. A primeira resulta do facto de ser bastante plana, o que facilita práticas saudáveis que, diariamente, observámos sobretudo ao longo da marginal. A segunda relaciona-se com a presença constante do mar que, para além dos ruídos tranquilizadores que provoca e dos cheiros a maresia, infelizmente cada vez menos sentidos, ameniza a temperatura e torna a cidade atraente, sobretudo nas estações intermédias. A terceira está associada à sua localização geográfica, dado que está suficientemente longe do stress quotidiano de cidades de maior dimensão como, por exemplo, Porto, Braga ou Gaia, mas, paradoxalmente, suficientemente perto dessas cidades para beneficiar de tudo aquilo que possa estar ligado às suas maiores capacidades polarizadoras, nomeadamente em termos de oferta de serviços ligados à educação, saúde, cultura, desporto e lazer.
Talvez por estas e outras razões, o nosso território, à semelhança do que aconteceu noutras localidades do nosso litoral, foi sujeito, nos longínquos anos 70/80, a uma pressão muito forte por parte de muitos agentes económicos, ligados sobretudo ao imobiliário, que teve inúmeras consequências negativas no nosso espaço urbano.
A Póvoa de Varzim, num espaço de tempo curto, ficou completamente desorganizada, descaracterizada e com o futuro bastante comprometido. Não se tratou, apenas, da questão da substituição das construções existentes por prédios muito altos e sem preocupações estéticas que, para alguns, por incrível que pareça, foram vistos como símbolo de modernidade. Foi, também, o surto de construção sem qualquer tipo de correspondência ao nível das infra-estruturas de apoio. Foi, ainda, a machadada cruel na coesão social existente, que assentava, em grande parte, numa sociedade de forte ligação com o mar, através das actividades económicas que, directa ou indirectamente, dele resultavam.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Ministra demite-se




Acabei de ser informado, através de fonte segura, que toda a equipa do Ministério da Educação acabou de apresentar a demissão ao Primeiro-ministro. Segundo a mesma fonte, este terá aceite, atendendo à contestação a que a equipa foi sujeita ao longo destes anos, agravada pelo início de uma nova polémica, por mim prevista num comentário ao meu post sobre a Magia, em torno da questão da diminuição do número de faltas dos alunos do terceiro ciclo e do Secundário.