sábado, 31 de outubro de 2009

Pesca sustentável



As grandes empresas ligadas à pesca industrial, não satisfeitas com a diminuição das espécies em águas superficiais, atacam agora os fundos dos oceanos com autênticas “fábricas deslizantes e cortantes”, comprometendo de modo ainda mais grave a biodiversidade e, por consequência, a sustentabilidade desta actividade económica.
Esta visão de curto prazo que, em diferentes sectores, nos atormenta cada vez mais, torna urgente a denúncia e a luta por uma ruptura com os modelos vigentes, através da opção por modelos de desenvolvimento efectivamente sustentáveis.
O nosso envolvimento pode passar pela assinatura de uma petição sobre este tipo de pesca.
Felizmente o sector das pescas em Portugal deu-nos, nesta última semana, uma notícia animadora sobre a possibilidade de certificação das sardinhas portuguesas pelo facto de serem pescadas de um modo sustentável.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Apontamentos de campanha IV – Insensibilidade social

Os mandatos dos sucessivos governos locais de maioria PSD foram caracterizados, na minha opinião, por uma enorme insensibilidade na área social. Nos contactos com a população, esta questão era quase sempre abordada, confirmando aquilo que, no plano teórico, me parecia evidente. Inércia, falta de aproveitamento dos recursos endógenos, poucos exemplos de criação de sinergias para o combate à pobreza e ausência de diálogo e desaproveitamento das propostas concretas apresentadas pela oposição, foram características sempre presentes ao longo dos diversos mandatos.
A opção, quase exclusiva, pelo apoio lateral às instituições privadas ou de solidariedade social, é demonstrativa da falta de reflexão sobre outras possibilidades de intervenção que, noutros municípios, estão a ser implementadas e, em muitos casos, com assinalável sucesso. Por melhor desempenho que as referidas organizações revelem, existirá sempre uma lacuna que poderia ser preenchida por um executivo mais preocupado com a qualidade de vida das pessoas do que com a realização das grandes obras de interesse, no mínimo, discutível.
Por outro lado, aquela opção contribui, nalguns casos, para uma autêntica dispersão das iniciativas que, atendendo à necessidade de existirem com bases sólidas de sustentabilidade logística e financeira, terão, muitas delas, pouca probabilidade de sobrevivência. Como é possível por exemplo, no mesmo concelho, fomentar-se a criação e desenvolvimento de projectos na área social com os mesmos objectivos e o mesmo público-alvo em freguesias vizinhas, quando sabemos, à partida, que dificilmente serão autónomos do ponto de vista financeiro e terão enormes dificuldades de manutenção, apesar dos impulsos altruístas e da consequente recolha de fundos de algumas iniciativas caritativas?

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Apontamentos de campanha III – Assimetria Póvoa/periferia

É consensual a ideia de que um dos grandes problemas estruturais do nosso país é a dupla assimetria: litoral/interior e áreas metropolitanas/resto do país. Há uma excessiva concentração de população, serviços e actividades económicas no litoral e, sobretudo, nas áreas metropolitanas. Muitas vezes, essa concentração exagerada em vez de permitir a criação das chamadas "economias de aglomeração" inerentes às possibilidades de complementaridade e solidariedade técnica, origina exactamente o contrário, ou seja, o exagero das actividades e, consequentemente, o agravamento dos problemas económicos, sociais e, nas últimas décadas, ambientais. Pelo contrário, o interior, padece do abandono, da desertificação e da reduzida actividade económica e, naturalmente, da cobertura deficiente e reduzido apoio na área social, nomeadamente na saúde e educação.
Todos nós, lamentámos essa assimetria e criticámos a ineficácia dos sucessivos governos nesta matéria. No entanto, a nível local, comportámo-nos de modo semelhante. Exagerámos nos investimentos na sede do concelho, colocando à vista as consequências negativas dessa concentração. A agravar a situação, são inúmeros os exemplos em que, no mesmo local, intervimos, desfazemos uma intervenção e voltamos a actuar em espaços de tempo demasiado curtos, desbaratando importantes recursos. Por outro lado, ao tomarmos estas opções, agravámos a assimetria entre a Póvoa e as freguesias mais periféricas, votando ao abandono as que mais necessitavam do apoio da autarquia.
Qualquer governo local que não só use o slogan do desenvolvimento sustentável como o pratique, deve definir o importante objectivo estratégico de promover o desenvolvimento harmonioso de todo o território, combatendo, convictamente, as injustas assimetrias existentes.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Apontamentos de campanha II – Anos a mais no poder criam distância

Um dos aspectos que menos me surpreendeu e que, na minha opinião, esteve presente, em quase todos os momentos da campanha, foi a diminuição da empatia entre quem exerce o poder e a população.
Talvez por estarem há demasiados anos no poder e “não terem paciência” para ouvirem ou aproximarem-se da população menos satisfeita, foi significativa a distância para uma parte dos poveiros que, eventualmente pela primeira vez, ousaram mostrar insatisfação e deram sinais inequívocos de mudança. Este enorme distanciamento foi e é disfarçado, por vezes, pelo voluntarismo de um ou outro autarca que, pelo menos aparentemente, é mais paciente e dialogante.
O actual poder poderá desvalorizar esses sinais, resguardado no facto de continuar a governar com maioria absoluta. Mas, na minha opinião, quanto menos os considerarem, mais probabilidades surgirão de generalização do descontentamento.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Peditório AMI



Um amigo e leitor deste blog informou-me que irá decorrer, nos próximos dias 22 a 25 de Outubro (quinta-feira a domingo), o peditório anual da AMI (Assistência Médica Internacional).
Na Póvoa de Varzim, estão mobilizados dezenas de voluntários que estarão presentes nas entradas das principais superfícies comerciais da cidade. Cada voluntário terá um cofre (“lata”) ao peito e estará identificado com colete e crachá da AMI, podendo colar um pequeno autocolante da fundação a quem o pretender.
Para que a AMI continue a apoiar as vítimas de guerras ou de catástrofes naturais a nível internacional e as vítimas de exclusão social e de pobreza extrema a nível nacional, precisamos do seu contributo por pequeno que seja.
Se encontrar um voluntário da AMI no seu caminho, pare e ajude a humanidade, não é preciso tirar senha.
Se preferir, faça o seu donativo no MULTIBANCO:
Pagamento de serviços – Entidade 20909 – Referência: 909 909 909

domingo, 18 de outubro de 2009

Apontamentos de campanha I - Asterix



Fui, durante o período da campanha eleitoral, à freguesia de Terroso e senti o enorme investimento que o PSD fez na tentativa de destronar o actual Presidente de Junta, Joaquim Vilar. Para além de promessas de maior apoio, por parte do actual executivo camarário, houve uma aposta em pessoas conhecidas, nomeadamente o cabeça de lista.
A resposta da população de Terroso não podia ter sido mais clara. Não só premiou Joaquim Vilar e o PS com uma nova vitória, como lhe possibilitou um aumento da votação de 210 votos tornando o resultado muito expressivo. Foi uma autêntica lição de dignidade de uma população que reconheceu o esforço e a coragem deste autêntico Asterix.
Na verdade, a situação vivida nesta freguesia fez-me sempre lembrar a famosa aldeia gaulesa resistente às investidas do Imperador que, zangado com a desobediência daquele povo, enviava as poderosas legiões comandadas por obedientes centuriões.
Tal como na banda desenhada, fiquei com a nítida sensação que, nem os homens da infantaria nem os seus centuriões, estariam suficientemente motivados e determinados para cumprir as ordens da cúpula do Império.
Gostando muito de banda desenhada, e apesar de não ser Asterix o meu herói preferido, não podia deixar de estabelecer esta comparação que será, da minha parte, a melhor forma de homenagear a coragem e a determinação de um povo e do seu indiscutível líder.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Uma experiência diferente

Os leitores deste blog tiveram conhecimento da minha participação na candidatura de Renato Matos à Câmara Municipal da Póvoa de Varzim. Publiquei, neste espaço, as razões que me levaram a apoiá-lo e, felizmente, não houve qualquer momento em que arrependesse dessa decisão. Independentemente do resultado que fosse obtido, faria sempre uma avaliação positiva desta experiência, até porque entendo, há muito tempo, que é necessária uma mudança significativa na governação local. Por outro lado, a dinâmica criada entre os membros da equipa e a calorosa recepção nos contactos com a população foram valores seguros e estimulantes de todo o processo que só me motivaram, ainda mais, a participar.
Ao contrário do que pensava inicialmente, acabei por ter um papel mais activo do que imaginava, nomeadamente na preparação das acções de campanha e na relação com a população do concelho. Desse contacto, anotei um conjunto de tópicos que mereceram um destaque especial e, neste espaço, publicarei pequenos textos com reflexões simples sobre essas evidências. Como devem calcular, estas reflexões resultam da minha experiência e são, naturalmente, uma visão parcial do ocorreu no terreno.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Acontecerá algo na Póvoa?

Ao contrário das previsões de uma grande parte dos intervenientes activos na vida político partidária da Póvoa, os resultados finais das eleições autárquicas do passado dia 11 de Outubro são reveladores de uma indiscutível vontade de mudança que se traduziu num novo reforço da votação no Partido Socialista (que poderá ser considerado a única alternativa possível de governo local) que, partindo das eleições de 2001 e considerando os resultados de 2005 e 2009, consegue acrescentar perto de 6000 votos à sua votação. No mesmo espaço de tempo, o partido instalado no poder há décadas perde mais de 4000 votos.
Neste último acto eleitoral, e para além dos méritos da candidatura liderada por Renato Matos, houve também um ligeiro reforço da votação na CDU e, sobretudo, um significativo aumento da votação no CDS que permite a este partido estar representado na Câmara Municipal contribuindo, espera-se, para uma maior riqueza e diversidade no debate político que, nestas décadas, pura e simplesmente foi abafado pelas maiorias esmagadoras e pouco tolerantes.
É certo que, apesar das dificuldades, o PSD consegue manter a sua maioria absoluta, mas os sinais de mudança são indiscutíveis e, por esse motivo, uma oposição forte, atenta, responsável e, sobretudo, credível será decisiva para a eventualidade de “acontecer algo” dentro de quatro anos na nossa terra. Os casos de Terroso e A-Ver-o-Mar, nomeadamente a coesão das suas equipas e a persistência e continuidade no trabalho, deverão funcionar como exemplos para a generalidade do concelho.
Mas para que a mudança aconteça é fundamental algo mais. É necessário, também, que todos os poveiros que, no seu íntimo, discordam da acção deste executivo, seja pelos tiques autoritários, ou pela insensibilidade social ou até pela opção constante por grandes obras, algumas de interesse duvidoso, tenham a coragem de intervir, discutir e assumir as suas opiniões porque vivemos num país livre e, como afirmou Miguel de Unamuno, “A neutralidade cómoda constitui um crime contra os outros e contra nós. É uma maneira de passar a vida lambendo o egoísmo e o medo, de costas viradas para a aventura.”

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Assimetrias


http://www.worldmapper.org/countrycartograms/carto_prt.htm

O jornal Público, na sua edição de 6 de Outubro, apresentou um interessante e documentado dossier sobre o agravamento, verificado nos últimos vinte anos, da assimetria entre o litoral e o interior do território nacional. Destaca os casos dos concelhos próximos das áreas metropolitanas do Porto e Lisboa, onde o ritmo da concentração é muito elevado e, com menos intensidade, refere mais três pólos nas proximidades de Aveiro, Loulé/Albufeira e Entroncamento/Torres Novas.
É estabelecida a relação entre as receitas, para as autarquias, resultantes dos licenciamentos de construção e a inevitabilidade do surto construtivo, apontando-se para a necessidade de alterar radicalmente o seu financiamento, admitindo-se, por exemplo, a possibilidade de taxar auto-estradas que utilizam o território dos municípios ou valorizar as reservas agrícolas (RAN) e ecológicas (REN) nacionais.
Há, no entanto, concelhos de dimensão média que resistem a esta tendência assimétrica apostando nos seus recursos endógenos e em “especificidades locais/regionais” que são, muitas vezes, o factor de diferenciação que permite combater esta tendência. Aquelas especificidades relacionam-se, quase sempre, com o património cultural e natural. São apontados vários exemplos com destaque para Óbidos e Guimarães.
A crítica a esta situação atravessa praticamente toda a população portuguesa mas, na escala local e no exercício do poder, comportamo-nos de modo semelhante, votando ao abandono os lugares e as freguesias que mais necessitavam do apoio das autarquias, havendo mesmo casos em que a pobreza e a exclusão nas “periferias” dos concelhos são chocantes de mais para continuarmos indiferentes.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Um dia em cheio

Num dia com muitas efemérides, nomeadamente o Dia Nacional da Água, o Dia Mundial da Música e o Dia Internacional das Pessoas Idosas, parece-me oportuno destacar a importância da luta pela qualidade das águas no nosso país que são, cada vez mais, ameaçadas pelo aumento do consumo motivado pela melhoria da qualidade de vida e pelo incremento de algumas actividades económicas altamente consumidoras e, sobretudo, pelo fenómeno da poluição.
Utilizar a água com mais eficiência, tratar as águas residuais e garantir a qualidade e o acesso à água para a generalidade da população, poderão constituir acções que não permitam uma visibilidade imediata para os responsáveis políticos que as promovem, mas deverão ser vistas como desafios obrigatórios para quem exerce o poder à escala local e nacional, sob pena de deixarem, para as gerações mais novas, a exigente tarefa de remediação da realidade existente.