terça-feira, 31 de março de 2009

A Importância da Internet



Tenho recebido, ao longo destas semanas, vários tipos de reacções à criação deste blog. Felizmente, uma grande parte dos indivíduos que me contactam, seja pessoalmente ou através da blogosfera, manifesta satisfação e produz palavras de encorajamento para prosseguir na mesma linha editorial e sinto que, sobretudo no que se refere às reflexões sobre as questões locais, há muita curiosidade e, perdoem-me a franqueza, algum impacto, visível nos comentários efectuados em contextos pessoais, profissionais e mesmo institucionais e nas reacções, registadas no Descarga, sob a forma de comentários.
Sinto, também, que alguns artigos colocados não têm sido do agrado de muitos e respeitáveis poveiros, que, apesar de afirmarem, de um modo geral, algum desprendimento pelo que se surge na blogosfera, acabam por estar bem mais informados do que se possa imaginar sobre os conteúdos abordados neste espaço, bem como no de outros autores.
Há, também, quem diga que não vale a pena escrever neste tipo de contexto, dado que ainda há muita infoexclusão e apenas um reduzido número de pessoas (quase sempre as mesmas) seguem com mais atenção este e outros blogs.
No entanto, não tenho dúvidas que, dentro de muito pouco tempo, as possibilidades de intervenção através de ferramentas associadas à Internet terão, também no nosso país e concelho, um enorme impacto junto da população, dado que para conseguir aceder aos mais jovens é fundamental dominar e usar este e outros tipos de instrumentos. Para além disso, uma parte significativa da população adulta e qualificada trabalha, todos os dias, através da Internet, pelo que também estes, eventualmente com menos destreza do que os mais novos, acedem a conteúdos relacionados com as Tecnologias de Informação e Comunicação.
A prova da importância referida anteriormente está, por exemplo, na petição pela responsabilização efectiva das famílias nos casos de absentismo, abandono e indisciplina escolar que corre, com enorme sucesso, na Internet, tendo já um elevadíssimo número de assinaturas, Apesar de reconhecer que a tarefa é bastante exigente e que uma eventual medida legislativa desta natureza será bastante dificultada, pelos baixos níveis de instrução da população portuguesa, entendo que deve ser apoiada dado que a tarefa de educar e acompanhar a educação dos nossos jovens não pode ser exclusiva dos professores e educadores.
http://www.peticao.com.pt/responsabilizacao

sábado, 28 de março de 2009

Magia



Ministra anuncia diminuição de faltas dos alunos do 3º ciclo e secundário

A ministra da Educação anunciou hoje uma diminuição do número de faltas dos estudantes do terceiro ciclo e ensino secundário, atribuindo a redução ao novo estatuto do aluno, aprovado pela maioria socialista em Novembro de 2007.
"Não apenas temos dados de que a disciplina está a melhorar no quadro das escolas como o número de faltas dos alunos tem diminuído. Está a diminuir todos os anos ao nível do terceiro ciclo e do ensino secundário", afirmou Maria de Lurdes Rodrigues, sem adiantar números, durante uma audição no Parlamento.
A Agência Lusa solicitou ao Ministério da Educação (ME) estes dados, mas não obteve resposta em tempo útil.
Público, 25.03.2009 - 17h37 Lusa





Apetece-me, há muito tempo, escrever sobre educação. Acerca do sistema de ensino, dos professores, da actuação do Ministério da Educação nestes últimos anos e sobre o degradado clima das instituições escolares. Sou um leitor assíduo do jornal Público e tenho lido excelentes crónicas, umas rigorosas mas, simultaneamente, agressivas como as de Santana Castilho e outras, assertivas e de uma lucidez impressionante, com destaque para Lídia Jorge e o inevitável Vasco Pulido Valente.
Mas hoje, apetece-me apenas colocar quatro ou cinco questões sobre esta notícia.
1. Fala-se em diminuição do número de faltas mas onde estão os dados comprovativos?
2. A serem verdadeiros estes dados, não se estará a assistir, eventualmente, a um mecanismo de defesa dos professores que, tão sobrecarregados de tarefas de importância discutível, poderão não registar as faltas com a mesma prontidão e rigor que acontecia no passado para não terem que aumentar, ainda mais, tarefas burocráticas?
3. Reconhece-se, no vídeo, que um bom código da estrada não impede os acidentes. E um "bom estatuto do aluno" impedirá as faltas?
4. Estabelece-se uma relação de causa efeito entre uma legislação aprovada recentemente e, atabalhoada e permanentemente reformulada, e eventuais melhorias do sistema. Será isto possível num tão curto espaço de tempo?
5. Não viram algo de parecido com as melhorias dos resultados nos exames nacionais no último ano?
Reconheço que para surgirem mudanças sociais é necessário trabalho convicto e, por vezes, “fracturante”. Mas não duvido que, para que efectivamente se verifique uma melhoria, é preciso que esse trabalho seja, em simultâneo, envolvente, motivador, persistente, contínuo e, acima de tudo, muito paciente, porque as alterações não se verificam de um ano para outro.
Será que a equipa que consegue estes excelentes resultados não quer alargar a sua área de influência e, através dos seus passes de mágica, legislar à escala planetária para combater, desculpem-me queria dizer resolver em definitivo, alguns dos principais problemas com que o nosso planeta se debate como por exemplo a questão dos refugiados, do aquecimento global, do desemprego ou da fome no mundo?

quarta-feira, 25 de março de 2009

Construções na areia II



Nas últimas semanas tem decorrido um espontâneo debate na comunidade poveira sobre a importância e oportunidade da construção de novos equipamentos de apoio na praia da Póvoa de Varzim.
Numa crónica, publicada recentemente no Póvoa Semanário, José Andrade, num interessante jogo de palavras apelidava-os (ou não) de “mamarrachos”, traduzindo um sentimento instalado de alguma revolta para com mais um contributo para o corte com as nossas raízes que resultam da forte interligação com o mar e, consequentemente, com o areal.
Neste pequeno espaço de reflexão, abordei esta questão de uma forma muito simples e que consistiu na colocação de um inquérito on-line, que oferecia quatro possibilidades de resposta, desde a acérrima defensora dessas construções até à que os rejeitava totalmente. Em paralelo, coloquei um pequeno texto e deixei duas ligações sobre legislação de interesse que, em conjunto, enquadram esta problemática.
Deixei correr a votação cujo resultado, apesar de não ter qualquer tipo de valor científico, é claramente negativo para com aquelas construções. Avanço agora com a minha opinião que, como devem calcular, coincide com o sentimento da insatisfação generalizado.
Gostaria de começar por realçar a importância do planeamento para a promoção do desenvolvimento harmonioso do país, regiões e concelhos. Entendo que a adesão à Comunidade Europeia (actual UE) em 1986 foi muito importante porque permitiu a introdução de mecanismos de planeamento, aos quais não estávamos habituados, que contribuíram para uma minimização da pressão urbanística a que muitas localidades, sobretudo do litoral, estavam sujeitas, e a Póvoa de Varzim, como todos sabemos, terá sido das mais penalizadas pela falta de planeamento e ordenamento do território, nos idos anos 70/80.
Apesar de tudo o que se passou no nosso país, temos que reconhecer que a implementação dos Planos Municipais de Ordenamento do Território (PMOT), nomeadamente os Planos Directores Municipais e Planos de Urbanização, contribuiu muito para colocar alguma disciplina na gestão e ocupação do solo nos diversos concelhos do país e, naturalmente também, na Póvoa. Penso que tudo seria ainda pior se, pura e simplesmente, não existissem tais instrumentos, embora reconheça que, no nosso município, a aplicação do Plano de Urbanização poderia e deveria ter sido “mais amiga” do interesse geral.
Mas não surgiram apenas planos à escala do município como também à escala regional (Planos Regionais de Ordenamento do Território - PROT) e planos especiais, os Planos Especiais de Ordenamento do Território – PEOT, que, para o assunto em questão, são os que nos interessam, muito particularmente os Planos de Ordenamento da Orla Costeira – POOC, mais concretamente o POOC Caminha/Espinho.
Fazendo uma leitura atenta deste plano constatámos que há uma forte preocupação do legislador em elaborar um documento que, sem descurar e impedir as dinâmicas associadas ao turismo, zele pelo desenvolvimento sustentável desta parte do litoral português, dado que os objectivos são bastante claros (artigo 2º) e referem a necessidade de valorizar e qualificar as praias consideradas estratégicas por motivos ambientais e turísticos e defender e conservar a natureza.
Um pouco mais à frente, os pontos nº 1, 2 e 3 do famoso artigo 54º deixam poucas dúvidas, mesmo para quem não tem formação específica na área jurídica, sobre o tipo de equipamentos de apoio que poderão ser construídos no areal. O ponto nº 2 daquele artigo refere que, no areal, apenas poderão surgir os “equipamentos simples” e o ponto 3 do mesmo artigo parece-me claro na obrigação de localizar “os apoios completos – infra-estruturados” na proximidade das vias, preferencialmente no passeio marginal e na frente urbana”. O legislador, admitindo que não sendo possível a construção destes apoios grandes nas áreas atrás referidas, é muito explicito quanto ao tipo de apoio que deverá ser construído: “…desmontável e sobre estacas”.
O que observámos na nossa praia, particularmente num dos equipamentos que está a ser edificado, é bem diferente de tudo o que encontrámos na lei. No entanto, parece-me que a questão central vai muito para além da eventual ilegalidade do equipamento que está a ser construído. O que preocupa muitos poveiros, suponho eu, não será tanto a questão jurídica mas a vontade de impedir que se cometa, desta vez na nossa praia, o mesmo tipo de erros na ocupação do espaço que, nos contextos temporais mais variados, ocorreram na nossa cidade.
É verdade que este plano (POOC) não faz parte dos Planos Municipais e, nesse sentido e por uma questão de justiça, devemos reconhecer que há responsabilidades de estruturas dependentes do poder central. No entanto, dado que a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, à semelhança dos outros municípios envolvidos, esteve representada na comissão mista de coordenação que procedeu à revisão do POOC poderia, eventualmente, defender a tese de que a situação da nossa praia é completamente diferente de todas aquelas em que não há quaisquer tipos de infra-estruturas. Na verdade, temos um conjunto de edifícios, infelizmente exageradamente altos e, alguns, menos bem conservados, na proximidade da praia, cujo piso térreo já fornece serviços de apoio aos utentes, pelo que até os equipamentos de pequena dimensão, se vão ganhar espaço ao areal, seriam, na minha opinião, também dispensáveis.
Será que não era possível investir um pouco na recuperação urbana de alguns desses edifícios e na sua requalificação, deixando o areal em paz?
Mesmo admitindo como legais as construções que estão a ser edificadas, como podem os responsáveis reagir e justificar, de modo pouco convicto, com a lei, quando se percebe que esta situação, também não é do agrado de alguns deles?
Como se pode, neste contexto, acusar quem defende uma orientação diferente de conservador?
Como se pode confiar no “esperar para ver como ficará bonito”?

sábado, 21 de março de 2009

Construções na areia



Estas eram as construções na areia que, noutros tempos, surgiam na nossa praia. No final, o mar encarregava-se de as desfazer, para tristeza dos mais novos, destruindo-as com a subida das marés. Espero colocar um artigo, dentro de três dias, sobre os novos tipos de construções que, de um modo transversal a toda sociedade poveira, tem causado, no mínimo, bastante apreensão.
Até lá espero, que continuem a participar no mini-inquérito colocado ao lado deste post.

quinta-feira, 19 de março de 2009

As Correntes d`Escritas



A iniciativa, patrocinada pela Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Correntes D`Escritas, caminha, a passos largos, para sua adolescência. Este ano realizou-se, pela décima vez, este evento, que acompanhei, interessada e discretamente como é meu hábito, desde o seu arranque.
A razão principal deste interesse é claramente pessoal, e relaciona-se com o prazer que sinto na leitura e, consequentemente, com a possibilidade de ouvir e aprofundar conhecimentos sobre grandes escritores que me habituei a ler, como por exemplo Leonardo Padura, Carlos Ruiz Zafón, e tantos outros.

Tenho, aliás, muita pena que nunca tenha sido possível a vinda do meu escritor favorito, Mário Vargas Llosa, para que nos pudesse contar onde foi buscar inspiração para escrever o fantástico “Quem Matou Palomino Molero” ou para que nos respondesse a questões sobre a corrupção e o autoritarismo típicas das ditaduras, particularmente das latino-americanas, bem presentes na obra “A Festa do Chibo”.
Entendo também como positiva, a deslocação dos escritores às escolas para contribuir para a luta, bastante dura, pelo fomento da leitura e da escrita. Nestes momentos, valorizámos de tal modo os autores que nos esquecemos de destacar a importância da nossa escrita e da que os nossos alunos efectuam, facto que é sempre referido pela generalidade dos autores nas diversas acções desenvolvidas. O meu desejo sincero é que esta iniciativa contribua para fomento da leitura e mesmo para o aparecimento de jovens escritores que podem ser influenciados pelas interessantes histórias de vida que alguns apresentam.
É evidente que não fico indiferente às críticas sobre os elevados custos da organização. A pesquisa que efectuei não me permitiu certezas sobre essa matéria, mas, acredito que os responsáveis políticos não estarão interessados em desperdiçar recursos que, como todos sabemos, escasseiam cada vez mais e que, numa situação de crise como a que vivemos, poderá ser factor de tensão social altamente indesejável.
Todavia entendo que as cidades de pequena/média dimensão, como a nossa, devem, para além de trabalhar em muitas outras áreas micro, desenvolver iniciativas que elevem o nível hierárquico da cidade e aumentem a sua capacidade polarizadora e atractiva, tornando-as mais competitivas e, nesse sentido, até aceito como bastante provável que esta iniciativa, feitas todas as contas de curto, mas também de médio e longo prazo, não se torne tão assim tão dispendiosa e, antes pelo contrário, possa até ser vista como um investimento.
Reconhecendo que há outras áreas da “agenda cultural” onde, na nossa cidade, se desenvolvem trabalhos meritórios, reconhecidos por todos, como por exemplo no Museu, na Biblioteca ou no Arquivo Municipal, penso questão central, e eventualmente mais criticável que, na minha opinião, não tem sido suficientemente trabalhada relaciona-se mais com a necessidade de enquadrar aquela iniciativa num âmbito muito mais global que obedeça a uma estratégia clara de desenvolvimento cultural que permita a criação de condições para que a Póvoa não seja vista como uma cidade que proporciona a alguns escritores e a muitos poveiros, por melhores que sejam, uma semana densa, divertida e rica e que, relativamente a muitos dos outros parâmetros da realização cultural como o cinema, o teatro, o bailado, a pintura, a escultura,algumas formas de música e tantos outros se assista a um vazio preocupante. A questão dever ser vista, pelos responsáveis, numa perspectiva bem diferente, em que sejam criadas condições, até por eventuais incentivos ou parcerias com o sector privado, para uma agenda cultural muito mais preenchida ao longo do ano, e não só em momentos muito curtos e específicos como é o caso das Correntes, fazendo com que os poveiros não tenham que se deslocar a cidades que “competem” com a nossa para ver uma simples sessão de cinema ou assistir a uma peça de teatro.
Numa perspectiva construtiva e acreditando que “vem aí o Garrett”, seria desejável que o espaço tivesse a polivalência necessária para, não só proporcionar a realização, pontual, de grandes eventos como também de vários “pequenos espaços” que fossem dinamizados pelas mais diversas entidades, nomeadamente recuperando a dinâmica de associações culturais que, noutros tempos tiveram alguma iniciativa ou fomentando a criação de novas associações da sociedade civil.
Infelizmente, pelo que pude consultar das linhas mestras do projecto, apenas está previsto mais um espaço para eventos de menor escala, correndo-se o risco de ficarmos numa situação típica do nosso país em que construímos grandes equipamentos para um uso claramente insuficiente.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Como é possível?






A Organização das Nações Unidas publica, penso que desde 1990, um interessante relatório sobre o estado de desenvolvimento da maioria dos países da Terra. Este documento, produzido pelo Programa da Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD, estabelece uma classificação do nível de desenvolvimento de cada país, através de um indicador (Indicador de Desenvolvimento Humano - IDH) que combina a criação de riqueza com os avanços na saúde e na educação. Aliás, nestes últimos anos, o estudo vai mais longe e pondera, também, outros factores como por exemplo o respeito pelos direitos humanos ou o grau de participação da mulher na sociedade.
Habituei-me a comparar os resultados, dando particular atenção à situação de Portugal e de muitos outros países, que pelas mais diversas razões prendiam a minha atenção.
Em teoria, a tendência geral que se verifica é que cada país consegue, ano após ano, melhorar o valor do indicador, dado que produz mais riqueza, tem mais acesso aos serviços de educação e consegue viver, em média, mais anos.
No entanto, em várias zonas do planeta, mas especialmente em alguns países do continente africano, o valor do IDH desce e o contributo decisivo para a descida é a diminuição brutal da esperança média de vida que, segundo a esmagadora maioria dos estudos, é causada, sobretudo, pela propagação descontrolada do HIV.
Neste contexto, a última intervenção do papa sobre a proibição do uso do preservativo, deve merecer o repúdio de todos e ser aproveitada, já que está a ser notícia em todo o mundo, para divulgar ainda mais a necessidade da sua utilização.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Tentar ser um bom professor


Numa altura em que muitos dos agentes educativos se insurgem contra os sindicatos, acusando-os, muitas vezes indevidamente, de todos os males do nosso sistema educativo e do momento difícil em que vivem milhares de professores, gostaria de recuperar e partilhar o essencial da mensagem de um artigo de Outubro de 2007, extraído da revista do Sindicato do Professores do Norte e que, dando a conhecer um interessante investigador canadiano (CLERMONT GAUTHIER), contribui, na minha opinião muito, para as condições essenciais para o exercício da actividade docente.
Logo à partida, o autor defende a importância do professor no sucesso de todo o processo de aprendizagem e reconhece que há várias estratégias pedagógicas possíveis não estando condenados à dualidade ensino tradicional/ensino centrado no aluno.
Nós, os mais velhos e enquanto, estudantes, sabemos bem o que foi o ensino tradicional: transmissão de conteúdos com pouca revisão de conhecimentos anteriores, assumpção, sem qualquer dúvida, de que a transmissão foi eficaz (mesmo que não tenha sido) e muito pouco tempo para a prática orientada.
Nós, os mais velhos e os mais novos, enquanto professores, conhecemos bem os resultados do “ensino centrado no aluno”: dispersão, falta de conhecimento e uma desculpabilização permanente do aluno.
O que o investigador propõe, e felizmente muitos professores assim trabalham eventualmente sem qualquer tipo de reflexão teórica sobre a situação, consiste num tipo de ensino assente em três princípios fundamentais:
Implementação dos meios necessários para a obtenção de muita atenção por parte do aluno de modo a que seja possível rever conhecimentos anteriores e introduzir os novos, de modo gradual, dos mais simples para os mais complexos. Nesta fase a comunicação tem que ser muito clara mas não deve ocupar tempo excessivo.
Verificação da qualidade da compreensão dos alunos através de diversas tarefas práticas que conduzam a uma permanente retroacção. Esta fase só deve ser dado por concluída quando se verifique grande sucesso na realização das tarefas propostas.
Execução de prática autónoma.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Esclarecimento

Tomei conhecimento da criação de um blog que, supostamente, é da minha autoria. Apesar de usar o meu nome com as iniciais em letra minúscula, o meu verdadeiro blog, é o descarga cujo nome de utilizador é o mesmo só que com iniciais maiúsculas. A blogosfera tem destas coisas. Sendo assim, peço aos meus colegas que manifestaram preocupação sobre esse facto, que continuem a ler o descarga.

terça-feira, 10 de março de 2009

Promar: verdade ou ficção?




Num momento em que se discutem novos impactos negativos sobre o nosso litoral, justificados com a cobertura de um instrumento legal chamado POOC(Plano de Ordenamento da Orla Costeira) , mais concretamente a área de litoral entre Caminha e Espinho que, eventualmente, com combatividade e criatividade, poderia ter consequências negativas minimizadas, gostaria de vos dar a conhecer a localidade de Promar.


Promar
Situada no norte de Portugal é, sem dúvida, uma localidade milenária que terá, segundo os historiadores locais, apresentado várias designações que culminaram, no Século XVI, com o nome definitivo de Promar. Historicamente, trata-se de uma povoação com forte ligação ao mar e que, desde sempre, sentiu necessidade de efectuar grandes esforços para conseguir vincar dado que a população, por um lado, se dedicou muito à actividade piscatória tendo necessidade de enfrentar mares tempestuosos para conseguir o sustento das diversas famílias e, por outro, foi sempre sujeita ao pagamento de quantias significativas ao poder monárquico. Ao contrário de muitas outras, nunca conseguiu, no tempo da monarquia, qualquer tipo de isenção de pagamento impostos pelo que teve necessidade de trabalhar, não só para sobreviver como também para pagar a autorização para existir enquanto aglomerado populacional. Nunca foi uma povoação rica e, talvez por esse motivo, o seu crescimento até 1970 foi sempre ligeiro o que não permitiu o aparecimento de estruturas na vila que colidissem com as raízes históricas. As ruas, ao longo do centro histórico junto à Igreja de Nossa Senhora de Fátima, eram estreitas e apresentavam um desenho irregular a fazer lembrar, pela forma e traçado, as localidades do Alentejo e Algarve de forte influência muçulmana. Nalguns pontos as ruas eram de tal forma estreitas que as janelas de casa vizinhas permitiam a observação do que se passava na casa alheia, facto que, por um lado, fazia diminuir a privacidade mas, por outro, fomentava o estabelecimento de relações de proximidade entre as diversas famílias. Os edifícios deste centro eram bonitos, imponentes, com um, dois ou três pisos no máximo, e lá se concentrava a maioria dos serviços públicos, as principais lojas comerciais e alguma função residencial de classes mais favorecidas. Junto à praia e mais para norte, estabelecia-se uma malha de ruas paralelas à linha de costa que eram intersectadas perpendicularmente por outras que se ligavam à zona nascente, com um traçado muito mais geométrico, do tipo pombalino, que lhe davam um potencial de crescimento bastante interessante. Estas ruas, com excepção da que estava na primeira linha do mar, eram servidas por casas térreas, muito simples, onde a classe piscatória vivia de um modo bastante feliz dado que, a reduzida dimensão das casas, permitia uma percepção ampla da linha de horizonte e, mais importante, uma vista permanente sobre o mar.
Se observássemos a vila do ponto mais alto (na Igreja de Nossa Senhora de Fátima) constatávamos a sua interligação natural com o mar e a sua invulgar beleza que a tornariam mais tarde num lugar de forte pressão urbanística à qual, infelizmente, não foi capaz de resistir. O nome de Promar reflectia aquela simbiose, dado que o conjunto da vila estava intimamente associado ao mar através das cores, dos cheiros e dos ruídos. O azul vivo do Atlântico e do céu na Primavera e no Verão promoviam alegria, o prazer e gosto pela vida. O cheiro persistente a maresia era melhor do que qualquer água-de-colónia tornando Promar irresistível e afrodisíaca. O ruído das fortes ondas a embater na costa associado aos tons cinzentos do céu e do mar que dominavam o Outono e o Inverno integravam um tipo de beleza completamente diferente, talvez ainda mais encantadora que a do Verão.
Tratava-se, sem dúvida, de uma localidade com um potencial de tal modo elevado que, com uma visão de médio e longo prazo e um crescimento ordenado, sustentado e livre dos especuladores, rivalizaria com todas as “maravilhas do mundo” que possam existir e tornaria sempre felizes os seus habitantes bem como os seus visitantes.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Liberdade de expressão




Tenho lido, não só no meu como noutros blogs, os comentários sobre o arranque deste simples projecto chamado Descarga. No artigo “Mais vale tarde do que nunca”, colocado no Blog em Fevereiro, explico em poucas palavras, as razões pelas quais avancei para utilização deste recurso e que se relacionam, sobretudo, com a possibilidade de escrevermos livremente sobre temas variados, partilhando opiniões que, como referia José Andrade num simpático comentário, poderão contribuir, sobretudo pela diversidade, para pequenas melhorias no funcionamento das organizações.
Na minha vida profissional, tentei sempre, nos locais apropriados e principalmente nos órgãos de coordenação pedagógica, defender as ideias, os projectos, as decisões que, após muita ponderação, me pareciam mais adequadas a cada situação. Fiz esse trabalho, com respeito por aqueles que de mim discordavam, e estou convencido que, apesar da importância da liderança, a frontalidade e a diversidade são condições essenciais para o bom funcionamento da escola e, mais importante, para o sucesso dos alunos.
Por uma simples questão de cidadania, entendi que devia alargar o âmbito dessas minhas intervenções, até porque, no exercício da minha actividade profissional, tenho a obrigação de trabalhar áreas que dizem respeito à economia, ao ambiente, ao planeamento e, entre muitas outras, à política.
Do retorno do meu “atrevimento” na criação do blog recebi ecos positivos que, naturalmente, me satisfizeram pessoalmente, mas tenho a noção de que outros surgirão em sentidos opostos. O facto que mais me impressionou, na maioria dos comentários escritos ou orais, relacionou-se com um certo sentimento de insegurança sobre um valor essencial de qualquer democracia: a liberdade de expressão. Comentários, sem dúvida de amigos preocupados, do tipo “tem cuidado”, “vê lá o que escreves”, foram muito frequentes nestes dias. Aquilo que pretendo fazer neste blog é, simplesmente, emitir opinião, sobre os assuntos mais diversos, não sendo obrigado a achar que tudo aquilo que é feito a nível local, regional ou nacional é fantástico quando penso exactamente o contrário, ou quando concordo, apenas em parte, com aquilo que foi feito.




Provavelmente, acontecimentos recentes como a imposição, pela Direcção Regional de Educação do Norte, da participação dos professores no desfile de Carnaval dos alunos do Agrupamento de Escolas de Paredes de Coura, apesar de decisão em sentido oposto do respectivo Conselho Pedagógico ou a apreensão, pela PSP de Braga, de livros com uma capa, em que se reproduz a obra “A origem do Mundo” de G. Courbet, acentuam o sentimento de receio referido anteriormente.
Finalmente, tendo por base este último acontecimento e atendendo a que a nossa cidade acolhe todos os anos o interessante evento “Correntes d`Escritas” (oportunamente, demonstrando que não vejo apenas os lados negros, escreverei sobre esta iniciativa) atrevo-me a sugerir, sem atribuição de notas, a leitura da obra “Os Sete Minutos” do escritor norte-americano Irving Wallace, que consegue demonstrar que, salvo as devidas diferenças e o tremendo exagero da comparação, os meus queridos amigos poderão ter, afinal, alguma razão.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Mais prendas

Prenda de anos

Como faço anos, coloco este vídeo de uma banda que adoro, oferecendo, a mim próprio, uma prenda. Felizmente há elites, como Bono, que vão muito além do que se passa no mundo cor de rosa e que não se limitam a olhar para os seus umbigos empenhando-se em causas globais como a luta contra pobreza e a fome em África bem como por uma resposta muito mais atempada e assertiva por parte dos responsáveis políticos mundiais. Aproveito para associá-la à esperança que a eleição de Obama desencadeou um pouco por todo o mundo aguardando que o fantástico movimento criado em torno da sua eleição contribua para uma mudança das prioridades nos EUA e no Mundo.

quarta-feira, 4 de março de 2009

O Palavrão II

O palavrão



A linguagem é o meio, por excelência, para a transmissão de mensagens entre todos nós, ou seja para que haja comunicação. Existem as mais diversas formas de linguagem e, cada vez mais, assistimos ao emprego do calão nas formas de comunicação. Admito perfeitamente que, em determinados contextos, o uso do calão puro e duro não seja só uma possibilidade como uma imposição natural. Acho até fundamental que, em determinados contextos, se faça uso do palavrão para ficarmos bem com a nossa consciência e não ficarmos com aquela sensação de que devíamos ter dito algo mais, mas não conseguimos. Que linguagem vai usar uma vítima da tortura para com o seu Jack Bauer? Que palavras utilizará uma simples vítima das vigarices perpetradas pelos administradores de alguns bancos? Em que termos se vai dirigir um familiar das vítimas dos inúmeros casos de genocídio que persistem no nosso planeta?
Mas, contrariamente às suas eventuais origens, usa-se, nos nossos dias, o calão por tudo e por nada, esvaziando completamente o seu interesse, dado que não contribui nada para a assertividade e menoriza os seus utilizadores.
Embora deteste afirmações do tipo “no meu tempo é que era”, a verdade é que assisto, desde a minha idade adulta a um agravamento desta situação que, sinceramente, me incomoda cada vez mais, dado que não há espaço público onde não se assista a espectáculos de calão. É, por exemplo, o miúdo que está na praia e decide dar um mergulho. Ele não se limita a comunicar que vai entrar na água. Afirma que vai dar um fi.. da.. p… de um mergulho. Não satisfeito, quando regressa ao areal, comunica aos seus amigos que a fi.. da.. p… da água estava fria como o ca… e que ficou com os co… congelados.
Lembrei-me deste tema porque, no passado Sábado, tive oportunidade de ir a um estádio de futebol pela segunda vez nos últimos dez ou doze anos. Assisti, no Dragão e na companhia do meu amigo Álvaro, ao jogo Porto – Sporting e nem a fraca qualidade do jogo, nem as permanentes quezílias e mesmo agressões entre jogadores justifica tanto palavrão.
Daqui a dez anos volto aos estádios e tenho que repensar as minhas idas à praia!