sexta-feira, 31 de julho de 2009

Eu gosto é do Verão

Vou de férias com a prancha na mão. Na outra levo o portátil, não vá dar-se o caso de me apetecer blogar. Vou tentar resistir e não comentar as próximas declarações sobre salmonelas, confrarias e afins. Vou-me contentar, e não é pouco, com a leitura dos blogues da minha lista e vou reler, pelo menos, o livro “A Festa do Chibo” de Vargas Losa, porque cada vez mais sinto esta obra actual e universal e aplicável em diferentes escalas de análise.
Espero regressar refrescado e rejuvenescido para participar, discreta mas activamente, nos importantes momentos que se avizinham.


segunda-feira, 27 de julho de 2009

Salmonelas, contenham-se!!!



A declaração política apresentada pelo presidente e pelos vereadores eleitos pelo partido social-democrata, na reunião de Câmara do passado dia seis de Julho sobre a questão das salmonelas, é um documento infeliz, agressivo e demonstrativo de uma certa falta de “sentido de estado” e de respeito pelo funcionamento das instituições.
Para além de, na minha opinião erradamente, retomar uma discussão que não devia interessar à sua própria agenda política dado que a ETAR ainda não é uma realidade, emprega um tom irónico, triunfal, e até avassalador que é muito difícil de entender como resultado de uma reflexão política discutida e avaliada. Alguma da terminologia utilizada até seria compreensível num contexto de debate político numa reunião de Câmara ou da Assembleia, mas dificilmente encaixa numa declaração política desenvolvida racionalmente.
Expressões como “(…) E ninguém, com medo do bicho, se atrevia a perguntar-lhe por que aparecia aqui, e não mais a sul, nem mais a norte” ou “O mérito da visita da salmonela só não foi um exclusivo dessa diligente técnica de saúde pública porque uma conhecida confraria política(…)” são demonstrativas de uma forma de fazer política que pede meças a alguns responsáveis sobejamente conhecidos da nossa praça e cujo expoente máximo é o presidente do Governo Regional da Madeira.
Mas a cereja no topo do bolo deste documento é a apologia do unanimismo em torno da “verdade absoluta” do poder, várias vezes referida, por mim, neste blog e que tem tradução no último período da declaração: “O caso é tão evidente quanto é certo que, nesta matéria, os demais partidos da oposição souberam, responsavelmente, conter-se.”
Poveiros: confiem na qualidade do nosso poder e, não se esqueçam, contenham-se.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Caridade

Os tempos actuais são cada vez mais difíceis para a generalidade dos portugueses que, como sabemos, estão sujeitos a uma crise económica sem precedentes que está a provocar o aumento assustador do desemprego e, consequentemente, das manchas de pobreza e até de fome.
Paralelamente, tomámos contacto com um grande número de iniciativas que, supostamente, pretende fazer face a este agravamento das condições sociais em que o país vive. Algumas, partem da iniciativa dos diversos níveis de poder: central, regional e local e outras encaixam naquilo a que vulgarmente apelidamos de caridade.
Desde muito novo que tenho muita dificuldade em compreender a esmagadora maioria das acções de caridade. Não vejam esta minha posição como sendo egoísta, invejosa ou pretensiosa. Resulta antes da enorme dificuldade em encontrar, ao longo do meu tempo de vida, exemplos de práticas indiscutíveis caritativas.
Recordo-me dos tempos de infância e da realidade da minha, então linda, vila em que esposas das famílias mais poderosas se entretinham, e o termo correcto é mesmo esse, entreter, a ajudar o próximo, reunindo, sobretudo na época natalícia, algumas roupas e brinquedos para as franjas mais empobrecidas da população poveira. Alguns maridos, tinham uma prática, no seu quotidiano, que em muitos casos, contribuía para a referida pobreza, como, por exemplo, baixíssimos salários nas suas empresas e mesmo, alguns anos mais tarde, instigação à aceitação de rescisões de contrato injustas e, nalguns exemplos conhecidos de todos os poveiros, acompanhadas de fortes mecanismos de coacção.
Tendo noção que para algumas dessas mulheres estarei a ser injusto, parece-me indiscutível que seria preferível que as ditas famílias tivessem canalizado as suas energias para, no dia-a-dia, práticas mais correctas, menos potenciadoras da pobreza e da exclusão proporcionando, quase de certeza, a existência de uma sociedade mais coesa do ponto de vista social.
No entanto, temos que reconhecer que, infelizmente, nas últimas décadas muitas das acções de caridade foram para níveis absolutamente inaceitáveis dado que o conceito de caridade como ajuda desinteressada, foi completamente adulterado por situações em que “novos poderosos” participam em acções caritativas tendo como objectivo principal todo o tipo intenções menos a da ajuda ao próximo. Os objectivos que saltam à vista de todos vão desde a tentativa de obtenção de dividendos políticos, à integração em determinados grupos sociais ou organizações ou apenas e só a oportunidade de ser notícia, desejavelmente com imagens de vestidos ou fatos bonitos nos jornais.
Apesar de me identificar, sem qualquer tipo de dúvida, com os ideais de liberdade de escolha proporcionados pela longínqua Revolução de Abril tenho de reconhecer que muitos dos eleitos pelo povo desvirtuaram completamente as regras de decência que deviam estar presentes no serviço de causas públicas. Alguns deles, conseguem destacar-se nas acções de caridade dos nossos dias porque, pura e simplesmente, criaram esquemas vários de favorecimento pessoal no relacionamento com algumas empresas dependentes de obras ou serviços dos organismos públicos e, por esse motivo, não têm qualquer tipo de dificuldade em desviar recursos para acções concretas de caridade. Muitas vezes, no calor de uma reunião ou jantar com muitos potenciais eleitores, prometem, de forma aparentemente instintiva, concretizar algumas dessas acções caritativas utilizando recursos públicos ou até, coitados, dinheiro dos seus próprios bolsos.
Em todos estes momentos onde podemos situar as acções altruístas?
Por todas estas razões dou um enorme valor a todos os indivíduos, crentes ou não, enquadrados por Missões, Organizações Não Governamentais ou mesmo a título individual que, por esse mundo fora e de modo totalmente anónimo, participam em acções de ajuda ao próximo em situações bastante difíceis, muitas vezes associadas a regiões de guerra, fome ou, simplesmente, de pobreza e exclusão.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Avaliação Simplex



Imagem extraída de ocantinhodaeducacao.blogspot.com/




Como é do conhecimento público, a equipa do Ministério da Educação produziu um sistema de avaliação que, depois de forte contestação dos professores nos dois últimos anos, foi sucessivamente simplificado até à situação actual em que “se faz de conta que há uma avaliação”.
Esse sistema, basicamente, assenta na ideia da fixação de objectivos individuais que, um pouco por todo o país, não são mais do que uma “cópia e cola” de uma série de generalidades que estão na lei ou nos projectos educativos das diversas escolas. Para além disso há um momento reflexivo, de autoavaliação dos professores, que culmina a suposta avaliação.
Na prática nada mudou nas escolas. Quem era dedicado e profissional continuou a dar o máximo pelos seus alunos, independentemente de ter ou não participado no “faz de conta” da entrega dos tais objectivos individuais. Só que no momento em que procedeu ao trabalho reflexivo, ou seja, quando fez a sua autoavaliação, foi confrontado com dois tipos de respostas do “Directores das Escolas”:
Em muitas, os professores foram avaliados e são aceites os documentos de autoavaliação dos professores., independentemente de terem ou não entregue os objectivos individuais.
Noutras, dirigidas por zelosos funcionários das extensões da burocracia, os professores não foram avaliados dado que não entregaram as tais cópias dos objectivos individuais do “faz de conta”.
Perante esta tremenda injustiça local, regional e nacional, o Ministério da Educação não dá resposta que corrija as desigualdades de tratamento de situações idênticas, refugiando-se numa suposta autonomia das escolas que não é mais do que um autêntico “assobiar para o ar”.
Entretanto, verificámos que, no nosso concelho, essa desigualdade de tratamento já está instituída e este post é inteiramente dedicado a todos os colegas a quem está a ser recusada a avaliação pelo simples facto de não terem entregue os papéis da farsa.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Caça à multa


Num destes fins-de-semana assisti a uma situação que, no mínimo, é caricata. Estava a regressar a casa e assisti a uma autêntica caça à multa por parte de um membro da Polícia Municipal. Na rua Conselheiro Abel Andrade, que estabelece a ligação entre a Escola Secundária Eça de Queirós e a Avenida Mousinho de Albuquerque, e num Sábado completamente parado em termos de trânsito, pelo menos naquela parte da cidade, estavam dois ou três carros estacionados de uma forma perpendicular à própria rua. Os proprietários eram, provavelmente, turistas que não tinham grande, ou mesmo nenhum, conhecimento do local. No entanto, no piso, estavam marcações antigas que sugeriam aquele tipo de estacionamento e, nem depois de confrontado com esse facto, o agente refreou o seu ímpeto punitivo. Mais importante do que multar os referidos carros, seria elaborar um relatório sobre a situação para que fosse corrigida e não voltasse a induzir em erro os nossos visitantes.
No entanto, esta azáfama da Polícia Municipal, dificilmente pode ser enquadrada numa função reguladora do trânsito já que, nesta e noutras situações, actua sobre quem menos perturba. Aliás, se fossem coerentes, nem precisavam de sair das suas próprias instalações para usar o reboque, já que o estacionamento dentro do parque do antigo quartel é feito, por muitos, de forma abusiva.
Mas esta questão da caça à multa, vai muito para além do exercício profissional de um agente e só pode ser enquadrada, em termos estratégicos e mesmo tácticos, na necessidade de obrigar os automobilistas a usar um dos “ex libris” da cidade, ou seja o caríssimo parque de estacionamento da Avenida Mousinho de Albuquerque.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Para variar, boas notícias



Depois de uma polémica despoletada pelo Presidente da Câmara da Póvoa de Varzim sobre a qualidade das águas do nosso mar, que teve tanto de descuidada como de desnecessária, fomos informados que, em princípio, teremos a Estação de Tratamento de Águas Residuais a funcionar dentro de um ano. (ver aqui)
Trata-se, sem dúvida, de uma boa notícia para o nosso concelho e para Vila do Conde. Iremos assistir, provavelmente nas festividades do São João/São Pedro, a mais uma inauguração de uma grande obra que, naturalmente, omitirá todos os erros do processo, nomeadamente a teimosia na insistência em soluções ultrapassadas que, felizmente, não foram financiadas pela União Europeia, "obrigando" os responsáveis dos dois concelhos a procurar esta solução conjunta.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Mecanismos de perpetuação no poder


Nesta minha curta experiência com o Descarga, tenho que, frequentemente, fazer pesquisa para que os artigos colocados mereçam a confiança do grupo que visita este espaço, como também para colocar seriedade nas opiniões que dou, pretendendo que tenham o máximo de sustentação possível. Nesta tarefa de procura da informação, e quando abordo temas de política local, consulto regularmente o conteúdo das actas das reuniões de Câmara e, sinceramente, está lá implícita, e até explícita, a razão, atendendo ao paradigma actual, pela qual o poder, depois de conquistado, é facilmente mantido.
No meu círculo de amigos dizem-me, frequentemente, que “o processo é igual em todo o lado: local, regional e nacional”. Acredito que assim seja, mas, na minha opinião, a nossa terra e o nosso país seriam bem melhores se o paradigma da actuação fosse completamente diferente. Menos conjuntural e mais estrutural.
Se os leitores consultarem, aleatoriamente, as actas, constatarão que a tarefa centra-se, muito, no atendimento às pretensões de um número enorme de instituições desportivas, culturais, musicais e mesmo religiosas, que solicitam os apoios mais diversos, muitas vezes monetários, e que, invariavelmente, vêem atendidos seus pedidos.
Só para dar um exemplo, na reunião do dia 15 de Março de 2004, foram atribuídos, entre subsídios globais ou parciais, apoios a iniciativas e até à regularização de despesas com uma sede de um “clube de bairro”, valores que, no seu conjunto, ultrapassam os 65000 euros.
Não me atrevo a colocar em causa a bondade e a importância das instituições apoiadas que, muitas vezes com muita dedicação, possibilitam aos nossos munícipes a prática desportiva e o acesso a eventos culturais ou religiosos. No entanto, atrevo-me a discordar desta forma de governar casuística e muito pouco estrutural e que não aborda, do ponto de vista estratégico, o essencial do que devia ser o conteúdo das discussões de um órgão de tão grande importância. Dá-me a nítida sensação que o executivo, neste contexto, responde a solicitações e não consegue antecipar as reflexões e decisões que se justificam.
Faria muito mais sentido produzir um levantamento das necessidades de todas essas instituições solicitando-lhes, num momento preciso do ano, a entrega dos respectivos planos de actividades com calendarização prevista, tipo de apoio solicitado e respectiva fundamentação para que, numa apreciação global por parte da autarquia, se decidissem os apoios a disponibilizar, segundo critérios bem definidos e conhecidos de todos. Desta forma criar-se-iam importantes sinergias e, mais importante, impulsionava-se uma cultura de responsabilização, através da comprovação das “iniciativas acordadas”, que combateria o desperdício e libertaria verbas para intervenções noutras áreas, nomeadamente na social.
Por outro lado, e voltando à questão da manutenção do poder, a forte ligação estabelecida com todas essas instituições cria, sem dúvida, uma espécie de rede, que torna felizes um grande número de conterrâneos que, perdoem-me a dureza, a troco dos sorrisos e da simpatia no momento de um evento ou da entrega de uma braçadeira com a inscrição “organização”, ou “staf” como está agora na moda, de uma prova, por exemplo, de futebol inter-freguesias, atletismo ou ciclismo, origina uma cumplicidade com o actual poder que, depois, tem tradução nos actos eleitorais. Acresce a esta rede, o elevado número de funcionários da Câmara que, em muitos casos, têm uma forte ligação aos seus superiores. A enorme dependência da imprensa local das verbas publicitárias da autarquia contribui, também, para aquilo a que chamo “perpetuação no poder”.
Na minha opinião é muito difícil desmontar esta rede, o que torna a disputa eleitoral, por parte de quem realmente quer ser oposição e intervir neste estado das coisas, um acto de cidadania, de enorme coragem e, acima de tudo, de muita, mas mesmo muita solidão.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Lembram-se do exutor submarino?


Imagem extraída do arquivo de http://www.peliteiro.com/




Procurei resistir à tentação de escrever sobre este tema, mas não consegui. O tom duro com que o Presidente da Câmara da Póvoa se dirigiu à Delegada de Saúde obriga-me, neste espaço, a tomar posição. Não questiono o aspecto muito particular das “obrigações” da Delegada, nomeadamente da interpretação das circulares da Direcção Geral de Saúde, mas sim a “legitimidade moral” para exercer a crítica numa área em que, claramente e para mim, apresenta debilidades.
Se existe sector onde o principal responsável político da nossa autarquia devia ser comedido, era precisamente na questão do tratamento dos resíduos que são despejados directamente no mar. Gostaria de recordar que, durante muitos anos, foi defendida, pelos responsáveis, uma opção que, já na altura era vista por muitos como tudo, menos como solução.
Defenderam, com enorme convicção, um exutor submarino que lançaria a”porcaria” no alto mar que depois, com a sua imensidão e força, se encarregaria de “limpar”. Acompanhei todo o processo e recordo-me que, já naquela época, especialistas na matéria afirmavam que esse tratamento primário não resolveria o problema e, se a memória não me engana, esse projecto não foi apoiado pela União Europeia porque já se estava na fase do incentivo aos tratamentos mais avançados para este tipo de problemas.
Os elevados custos desses tratamentos implicavam, inevitavelmente, sinergias que, felizmente, vieram a ser procuradas mais tarde, surgindo a solução conjunta para a Póvoa e Vila do Conde de construção de uma ETAR. Aguardemos que se construa rapidamente e deixemo-nos de guerras, que nos desviem do essencial da questão, até porque, é uma obra importantíssima para a Póvoa e vai ficar pronta com, pelo menos, uma década de atraso.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Quem com ferros mata…



Algumas das características que aprecio em qualquer líder são a frontalidade, a capacidade de envolvimento com a equipa, a disponibilidade para o trabalho conjunto e a força para tornear as dificuldades. Nos momentos complicados quem reúne estas condições consegue reagir, defendendo as suas ideias e sua equipa, preferindo sempre a assumpção das responsabilidades inerentes ao seu nível hierárquico de topo, ou seja às que resultam da sua própria liderança.
Detesto líderes que, perante a mínima contrariedade, não descansam enquanto não conseguem total desresponsabilização, atirando, muitas vezes, para os seus colaboradores responsabilidades pelos insucessos.
Já sabia que, no Ministério da Educação, tinha uma líder que justificava tudo o que de mau acontecia no sector com a eventual preguiça e a incompetência dos professores. Qual o colega que não se lembra da frase: “Perdi os professores mas ganhei o país”?
O que não sabia era que, após o desvio de responsabilidades para outros, nomeadamente para os sindicatos, seria possível encontrar novos culpados para o estado actual da educação. A responsabilização da comunicação social, pela diminuição do empenho dos alunos na sua preparação para os exames nacionais, ultrapassou tudo aquilo que seria imaginável. (ver aqui)
Quem trabalha os dados estatísticos de modo ligeiro e conjuntural, atribuindo, quando as “coisas correm bem”, méritos imediatos às suas políticas, arrisca-se a não encontrar mais bodes expiatórios para os momentos maus. Ao culpar a comunicação social já nem considera os antigos admiradores da sua cruzada contra a classe dos professores, como foi o caso de José Manuel Fernanades, do jornal Público.

domingo, 5 de julho de 2009

Aproveita enquanto podes



Neste blog já tive oportunidade, aquando da discussão sobre o Plano de Pormenor da Zona E 54, de mostrar muita apreensão sobre a possibilidade de se verificar um excesso de equipamentos desportivos que coloquem em causa a qualidade de vida que o parque poderá proporcionar. Por essa razão, incentivo todos os poveiros a aproveitarem-no já.Deixei aqui, também, palavras elogiosas em relação concretização do “primeiro terço do parque da cidade”. Faço de seguida uma abordagem muito simples aos factos e, se quiserem, ao curto prazo, numa perspectiva de utilizador.
Gosto do espaço, da interligação de diversos elementos naturais, da recuperação da “pedra reciclada” e da presença e aproveitamento da água naquela área. Acho muito interessante a sua simplicidade e a manutenção de parte significativa da vegetação natural. O único aspecto negativo que senti, ao usufruir do espaço, relaciona-se com o excesso de ruído que a proximidade da A28 provoca e que poderá diminuir com o crescimento das espécies e/ou com a colocação de barreiras naturais ou artificiais.
No entanto, compreendendo a necessidade, por razões político-partidárias, das inaugurações ajustadas às festividades do São Pedro parece-me que houve algum descuido em inaugurar o parque sem existir facilidade no acesso pedonal, não só no arruamento que estabelece a ligação após a rotunda do modelo, que é estreito e os carros passam, por vezes, a velocidades exageradas, como também nos acessos anteriores em que a população se sentirá um pouco como o indivíduo do curto filme que acompanha este post. Na verdade não há uma única “passadeira” nas proximidades do arruamento atrás referido.
Numa perspectiva mais de médio e longo prazo, continuo a defender que o excesso de construção de equipamentos desportivos poderá comprometer a qualidade da área de lazer até porque a argumentação, aparentemente segura, utilizada pelo poder político, de que está apenas concretizado 1/3 do parque deixa-me muito apreensivo. Se os poveiros pensarem bem, e se lembrarem deste projecto de décadas e também do que tem sido a prática política neste últimos anos, concordarão que nada nos garantirá que, para os restantes 2/3 do parque, não surgirão também inevitabilidades construtivas semelhantes às que agora se colocam.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Contradições ou falta de coordenação?



Numa altura em que se discute o “Estado da Nação” e num momento em que o actual governo se encontra bastante pressionado pelo último desaire eleitoral, parece-me pertinente discutir os méritos das suas políticas bem como os seus erros principais.
Neste artigo não pretendo fazer essa abordagem geral mas trabalhar uma situação mais particular.
Quando se faz uma apreciação aos aspectos positivos da actuação do governo surge, quase como consensual, a ideia de que houve investimento nas energias renováveis, nomeadamente na eólica e na solar.
Quando se questiona os méritos da sua política educativa, e apesar do total desrespeito pela minha classe profissional, que foi vexada de uma forma inaceitável, aprova-se, de um modo geral, a aposta na requalificação das escolas secundárias.
Vem tudo isto a propósito do avanço das obras na “minha” Escola Secundária de Rocha Peixoto que já permitiu a transição de muitos serviços para as áreas sujeitas a intervenção. Apesar da satisfação pela requalificação do nosso espaço escolar, há um dado que merece especial reflexão. Não sendo profissional da área da arquitectura ou da engenharia, mas podendo constatar factos, não compreendo como foi possível executar as seguintes alterações:
- Transformar um espaço em que havia luz solar, quase até ao pôr-do-sol, num novo, em que de manhã e até à noite se utiliza luz artificial.
- Modificar um edifício em que a circulação do ar, sem necessidade de recurso ao ar condicionado, era um facto, noutro, completamente diferente em que os profissionais, alunos e formandos, pura e simplesmente, abafam no seu quotidiano.
- Transformar uma escola que apresentava, com a excepção das salas viradas a norte, temperaturas amenas durante quase todo o ano, num novo em que o autêntico efeito de estufa torna obrigatório o uso do ar condicionado que, provavelmente e mais tarde, não poderá ser utilizado, devido aos elevados custos da factura energética que a escola dificilmente suportará.
Quando estas questões são colocadas, obtemos respostas do tipo:
- As lâmpadas são de baixo consumo.
- Estão a ser colocados painéis solares.
- O ar condicionado resolve o problema do calor.
Admito, e espero que esteja enganado, mas tenho muitas dúvidas sobre essas respostas e, a sensação que tenho, é a de que, em pleno Século XXI, se continua a construir com poucas preocupações ambientais e quando se trata de investimentos públicos, parece-me ainda mais inaceitável esta situação.
Será que se esqueceram do primeiro R (reduzir)?