segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
O jornal da casa
Fonte da imagem: http://adevidacomedia.wordpress.com/2009/03/11/clube-dos-jornalistas/
O hábito da leitura de jornais foi, desde muito cedo, incutido em mim e nos meus irmãos, pelos meus pais, mais concretamente pelo meu pai. Recordo bem a rotina da sua chegada a casa, após mais um dia de trabalho no Porto. Não tinha tempo de pousar o jornal porque, pura e simplesmente, era abalroado por qualquer um dos meus irmãos. Aqueles pedaços de papel, numa época o Primeiro de Janeiro e mais tarde o Jornal de Notícias, eram tão valiosos que originavam, quase sempre, a sua fragmentação. Os meus irmãos disputavam, entre si e em função dos seus interesses, as diversas páginas do jornal que, provisoriamente, ficava decomposto mas, mais tarde e com enorme paciência, o meu pai voltava a ordená-lo como se fosse um importante documento para guardar.
Nos últimos anos de vida, fazia questão de comprar o Jornal de Notícias e criticar todas as pessoas que, com muita mais capacidade financeira do que ele, esperavam ansiosamente pela sua vez para lerem os “jornais da casa”, dado que o investimento na leitura, para eles, era supérfluo. Agora, sempre que vou a um café observo os comportamentos relativamente ao jornal da casa e constato que são, muitas vezes, os que têm mais recursos a sujeitarem-se a longas esperas para chegar a sua vez de ler o jornal, havendo até situações em que se atropelam para tomar a sua vez ou, como já me aconteceu, solicitarem o meu jornal de um modo brusco, ignorando que este foi por mim adquirido.
Estando muito mais próximo do consumerismo do que do consumismo e não sendo um fundamentalista da propriedade privada, estou muito tentado a oferecer uma moeda ao próximo chato que me interrompa com a pergunta:
-É o jornal da casa?
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...fora os que vão todos os dias ao café, pedem um "carioca de limão" e ocupam o jornal da casa durante 1 ou 2 horas...
ResponderEliminar...e este últimos é que me irritam como o raio!
ResponderEliminarAté porque costumam ler o jornal de uma ponta à outra: anúncios, necrologia e tudo...
Esses também me irritam...Parece que não sabem ler e precisam detempo para juntar as letras...
ResponderEliminarmas os "mete nojo" são aqueles que compram o jornal e vão para a mesa do café lê-lo...Como que a dizerem aos outros sois uns pelintras,nem dinheiro tendes para comprar um jornal...isto para não falar dos barbeiros...que são os tipos mais fixes quando se quer ler o jornal...e normalmente nos barbeiros não aparecem esses "facinoras" com jornais comprados previamente...
Os jornais são uma maravilhosa invenção.As ditas tascas ou tabernas tinham sempre um jornal...mesmo não pedindo um quartilho ou copo de vinho, os donos deixavam sempre ler o jornal à mesa.Foi assim que muita gente tomou contacto com a letra escrita...Depois, nas escolas, não havia jornais mas havia música...conheci um professor que me emprestou cem discos de uma só vez:)
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