sexta-feira, 22 de maio de 2009

Obama Presidente de todos os poveiros?


Infelizmente não. Obama não vai acumular.
Nunca tive especial simpatia pela instituição militar. Com todo o respeito por todos os que dela fizeram ou fazem parte, detesto as regras levadas ao exagero, os protocolos serôdios e as autênticas mordomias de que alguns beneficiam. Apesar do apreço pela Revolução dos Capitães que me permite opinar desta forma, entendo que, pior do que a organização em si, é a participação de alguns militares na vida político partidária, como se verificou, por exemplo, com a infeliz intervenção do General Spínola e da sua maioria silenciosa no período pós revolução ou de Otelo Saraiva de Carvalho nas lamentáveis FP25.
O General Ramalho Eanes, referido muitas vezes como um caso sério de honestidade que, contudo, nunca colheu, da minha parte, qualquer tipo de simpatia, fez uma afirmação, imediatamente a seguir à sua primeira eleição como Presidente da República em 1976, que entendo que é sábia e que se mantêm actual e devia ser aplicada nas diversas escalas de análise.
Eanes proclamou, após a vitória, que se tornou no Presidente de todos os portugueses e não apenas daqueles que nele votaram. Mário Soares, apesar de não morrer de amores pelo militar, repetiu o slogan de um modo tão natural que motivou reconhecimento de “velhos inimigos”: patrões e sindicalistas, comunistas e democratas cristãos, católicos e ateus.
No nosso concelho podemos ter participado em sucessivos actos eleitorais que deram vitórias mais ou menos expressivas ao actual Presidente da Câmara, podemos ter sondagens a dar-lhe vitórias esmagadoras mas nunca teremos, na minha opinião por culpa dele próprio, um presidente de todos os poveiros. No plano político, falta-lhe humildade para compreender que, na Póvoa, nem tudo gira em sua volta e carece de sensibilidade democrática para perceber que há poveiros, minoritários sem dúvida, que não se revêem na sua prática política e que nunca tiveram, da sua parte, um mínimo de abertura para uma eventual aproximação, em defesa dos superiores interesses da nossa terra. A sua prática encaixa como uma luva na Democracia da Grécia Antiga em que a prática do ostracismo, em relação aos adversários políticos, era frequente. Os seus opositores, quando se mostram ou votam de modo contrário ao que considera correcto, sentem logo essa característica, tendo já ocorrido a associação à ausência de unanimismo a “comportamentos esquizofrénicos”.
No relacionamento com os munícipes regista-se uma desigualdade no tratamento. Relembro, para os mais esquecidos, duas situações com características semelhantes e que tiveram um tratamento distinto. De desinteresse para uns e especial preocupação para outros.
1. Em 2004, quando um conjunto de moradores elaborou uma petição para tentar impedir a instalação de uma bomba de gasolina num parque de estacionamento situado numa zona próxima das suas habitações, não se mostrou sensível e, em conjunto com a sua esmagadora maioria, não atendeu às preocupações manifestadas.
2. Recentemente, já em 2009, quando confrontado com a possibilidade de mudança do local de entrada dos alunos da Escola Secundária de Rocha Peixoto, e apesar de revelar receios legítimos sobre a circulação nas horas de ponta, mostrou uma particular preocupação para com as queixas de alguns moradores da rua, que por sinal, é paralela e próxima à dos referidos residentes do primeiro caso.
Não se nota um tratamento diferenciado?

7 comentários:

  1. Explicação:
    1) no primeiro caso havia interesses económicos em jogo
    2) no segundo, não havia interesses económicos em jogo

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  2. Como está a tentar pegar moda e,embora não seja do PSD, assino por baixo.

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  3. O que se passa na Póvoa, repete-se, infelizmente, por todas as autarquias do país. Por isso, estamos na cauda da Europa, falidos, pagamos dos mais altos impostos, o custo dos bens essenciais aproxima-se assustadoramente dos países com outro patamar de vencimentos e nós lá vamos cantando e rindo ... e os nossos políticos não têm nada a ver com isto ... É preciso ter muita lata ...

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  4. A instalação das bombas de gasolina nestes últimos anos é algo que não está bem explicado. Veja-se as peripécias em torno da bomba junto ao Modelo.

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  5. Os dois casos apontados no fim do texto mostram claramente o carácter da pessoa: não tem nem merece credibilidade!
    Para se ser "o presidente de todos os poveiros"(como afirmou no acto da tomada de posse, quando o Eng.José Cerejeiro foi eleito pelo PS - "agora vamos despir as camisolas"...) é necessário ter-se estatura moral que não está ao alcance de qualquer um. E não está, como se vê.

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  6. Concordo com a ideia de que,infelizmente, este tipo de práticas é comum à generalidade do poder local mas, acontece que vivo na Póvoa de Varzim....

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