Todos os anos, salvo erro desde 1999, a Póvoa de Varzim promove, numa desinteressada parceria público/privada, um evento chamado “Encontro pela Paz” que terá surgido como uma espécie de resposta ao repto lançado pela ONU que considerou o ano 2000, como o “Ano Internacional para a Cultura da Paz”
O Encontro pela Paz tem como principais objectivos: ”Sensibilizar a população para a importância crucial do envolvimento de todos na promoção de uma cultura de Paz, criar hábitos de partilha, celebração e de troca de experiências positivas, promover uma acção orientada, sem diferenças de raça, credo ou condição sócio-económica e consolidar uma tradição de Paz.”
Todos os anos, a organização deste este evento desencadeia um conjunto de iniciativas (porquê tantas?) que, passam por espectáculos, marchas, cordões humanos e pelo lançamento para o mar das flores brancas recolhidas para a taça da paz.
Detesto esta actividade, apesar de reconhecer que alguns dos participantes estarão imbuídos de um espírito sincero de paz e de bom relacionamento entre todos. Trata-se de uma actividade absolutamente dispensável dado que propicia um sem número de equívocos e de dúvidas legítimas e não reforça, de modo algum, as boas práticas, não sendo por isso eficaz no seu propósito. Comecemos pelos equívocos:
Incomoda-me viver numa terra em que os adversários políticos não se respeitam mas conseguem lançar pétalas brancas para o mar
Incomoda-me ver autarcas vestirem, por altura do Natal, a pele de anjos quando no decorrer do ano declaram guerra a quem tem a coragem de pensar diferente.
Incomoda-me ver no site da Câmara a pomba branca quando o símbolo mais ajustado seria uma ave mais agressiva que traduzisse a intimidação provocada pelos sucessivos processos em tribunal contra poveiros cuja falha é não lerem pela mesma cartilha que o poder.
Estou farto de branco.
Vamos às dúvidas:
Incomoda-me pensar nos custos que esta organização deve ter.
Incomoda-me imaginar que, à custa da paz, possam surgir interesses muito particulares a sobreporem-se ao interesse público.
Incomoda-me pensar que, se calhar, este evento já apresenta uma estrutura idêntica a muitas outras ligadas ao desporto, ao lazer e ao associativismo e que servem, sobretudo, para facilitar os mecanismos de perpetuação no poder.
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
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Grande Luís,
ResponderEliminarEm boa hora decidiste partilhar o teu humanismo com todos nós; a partir de agora, todas as hipocrisias terão que passar pelo crivo da tua escrita.
Abraço,
Marcelo
Parabéns, Gonzaga!
ResponderEliminarJá te conheço há muitos anos, mas sempre te vi como uma pessoa fechada, discreta, quiça algo tímido.
Demonstras com este teu blogue uma atitude de grande coragem e dimensão.
Um forte abraço
L.F.
Sou, como escreves, fechado, discreto e tímido. Mas isso não significa que seja submisso e que não tenha opinião formada sobre uma grande variedade de assuntos. Tentarei, neste blog, emitir opinião sobre assuntos diversos e não apenas sobre política local, até porque tenho consciência que o que se passa na nossa querida cidade não será muito diferente do que ocorrerá na generalidade das localidades do nosso país.
ResponderEliminarAprendi, ao longo da vida, que ouvir muito e falar pouco pode ser uma vantagem que diminua o erro, e mesmo, a asneira.
Apenas um Homem com a formação e os valores humanos distintos como os do Luís, para se distinguir por entre todos os autores de textos, de prosas, de grandes discursos assistidos no presente.
ResponderEliminarMuito se escreve e diz, não sei se o mesmo se poderá dizer sobre o que se lê e ouve. Muito mais difícil será acompanhar o que se ouve com o que se vê…
A admiração e o respeito pela singularidade do autor deste blog é enorme, até pela escassez em encontrar pessoas tão bem formadas e equilibradas.
A “tarefa” não é fácil, mas vai ser enriquecedora para todos com certeza.
DE Uma outra perspectiva e também na do Luis Gonzaga...entendo que Sem Justiça nõ pode haver Paz...Podia citar o exemplo de Savimbi(que foi morto ao que julgamos pelo regime do mpla que dizia que a solução da guerra civil de Angola era militar e não politica)..mas vou chatera-vos um pouco mais na explanação das minhas ideias e pedir-vo que façam o seguinte exercicio mental:
ResponderEliminarImaginem que Hitler saia vitorioso da segunda guerra mundial e em vez de serem a URSS e os EUA os vencedores seria a Alemanha...Haveria Paz?
Mas afinal o que é a PAZ? A ausência de guerra? mas que tipo de guerra? a quimica? a económica? a social? a politica?