quinta-feira, 2 de julho de 2009
Contradições ou falta de coordenação?
Numa altura em que se discute o “Estado da Nação” e num momento em que o actual governo se encontra bastante pressionado pelo último desaire eleitoral, parece-me pertinente discutir os méritos das suas políticas bem como os seus erros principais.
Neste artigo não pretendo fazer essa abordagem geral mas trabalhar uma situação mais particular.
Quando se faz uma apreciação aos aspectos positivos da actuação do governo surge, quase como consensual, a ideia de que houve investimento nas energias renováveis, nomeadamente na eólica e na solar.
Quando se questiona os méritos da sua política educativa, e apesar do total desrespeito pela minha classe profissional, que foi vexada de uma forma inaceitável, aprova-se, de um modo geral, a aposta na requalificação das escolas secundárias.
Vem tudo isto a propósito do avanço das obras na “minha” Escola Secundária de Rocha Peixoto que já permitiu a transição de muitos serviços para as áreas sujeitas a intervenção. Apesar da satisfação pela requalificação do nosso espaço escolar, há um dado que merece especial reflexão. Não sendo profissional da área da arquitectura ou da engenharia, mas podendo constatar factos, não compreendo como foi possível executar as seguintes alterações:
- Transformar um espaço em que havia luz solar, quase até ao pôr-do-sol, num novo, em que de manhã e até à noite se utiliza luz artificial.
- Modificar um edifício em que a circulação do ar, sem necessidade de recurso ao ar condicionado, era um facto, noutro, completamente diferente em que os profissionais, alunos e formandos, pura e simplesmente, abafam no seu quotidiano.
- Transformar uma escola que apresentava, com a excepção das salas viradas a norte, temperaturas amenas durante quase todo o ano, num novo em que o autêntico efeito de estufa torna obrigatório o uso do ar condicionado que, provavelmente e mais tarde, não poderá ser utilizado, devido aos elevados custos da factura energética que a escola dificilmente suportará.
Quando estas questões são colocadas, obtemos respostas do tipo:
- As lâmpadas são de baixo consumo.
- Estão a ser colocados painéis solares.
- O ar condicionado resolve o problema do calor.
Admito, e espero que esteja enganado, mas tenho muitas dúvidas sobre essas respostas e, a sensação que tenho, é a de que, em pleno Século XXI, se continua a construir com poucas preocupações ambientais e quando se trata de investimentos públicos, parece-me ainda mais inaceitável esta situação.
Será que se esqueceram do primeiro R (reduzir)?
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Realmente é impossível estar no espaço. É calor a mais.
ResponderEliminarProfessor Gonzaga,
ResponderEliminareu cá acho que vai passar um mau bocado nessas instalações.
A título de exemplo lembro o que se passou há uns anos após a inauguração da actual Faculdade de Letras do Porto.
O arquitecto da obra achou por bem equipar o edifício com janelas sem possibilidade de abertura, que seriam compensadas com um bom sistema de ar condicionado.
O previsível aconteceu: não há dinheiro logo corta no ar condicionado.
O edifício até mereceu posteriormente a vista do Instituto de Medicina e Higiene Tropical que, face à quantidade de águas que os alunos transportavam para o interior em roupas, sapatos e guarda-chuvas aliada ao efeito de estufa criado pelas grandes janelas e à ausência de ventilação, constatou a existência de um clima idêntico ao dos trópicos!!! Sendo, assim, propício à proliferação de doenças que associamos às latitudes tropicais.
Continuando o comentário anteriormente lançado, pergunto ao Professor se essas obras não terão sido feitas a contra-relógio. Pois, não posso precisar, mas creio que a partir de 1 de Janeiro do próximo ano, todos as novas edificações terão a necessidade de um certificado de eficiência energética. E aí não serve de nada dizer que vão colocar ar condicionado ou colectores solares ou lá o que lhes dê na pinha. O edifício tem pura e simplesmente de receber uma certificação independente!
ResponderEliminarO edifício da Rocha também tem o mesmo problema com a abertura das janelas. Suponho que a legialação que refere já existe desde o início de 2009 e correponde à implementação de uma directiva comunitária de 2002.
ResponderEliminarAcredito, até porque se trata de um edifício público, que até tenha as condições de eficiência energética mas o problema colocar-se-à quando, como refere no caso da Faculdade de Letras, não houver dinheiro para pagar a factura energética do elevado consumo de ar condicionado nos longos péríodos quentes. Esta preocupação ainda se torna maior sabendo que a tendência de descentralização dos serviços educativos poderá colocar, a prazo, dificuldades no orçamento desta e das outras escolas.
De acordo com José Socrates... o importante é haver internet, para vender Magalhaes
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