segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Apontamentos de campanha III – Assimetria Póvoa/periferia

É consensual a ideia de que um dos grandes problemas estruturais do nosso país é a dupla assimetria: litoral/interior e áreas metropolitanas/resto do país. Há uma excessiva concentração de população, serviços e actividades económicas no litoral e, sobretudo, nas áreas metropolitanas. Muitas vezes, essa concentração exagerada em vez de permitir a criação das chamadas "economias de aglomeração" inerentes às possibilidades de complementaridade e solidariedade técnica, origina exactamente o contrário, ou seja, o exagero das actividades e, consequentemente, o agravamento dos problemas económicos, sociais e, nas últimas décadas, ambientais. Pelo contrário, o interior, padece do abandono, da desertificação e da reduzida actividade económica e, naturalmente, da cobertura deficiente e reduzido apoio na área social, nomeadamente na saúde e educação.
Todos nós, lamentámos essa assimetria e criticámos a ineficácia dos sucessivos governos nesta matéria. No entanto, a nível local, comportámo-nos de modo semelhante. Exagerámos nos investimentos na sede do concelho, colocando à vista as consequências negativas dessa concentração. A agravar a situação, são inúmeros os exemplos em que, no mesmo local, intervimos, desfazemos uma intervenção e voltamos a actuar em espaços de tempo demasiado curtos, desbaratando importantes recursos. Por outro lado, ao tomarmos estas opções, agravámos a assimetria entre a Póvoa e as freguesias mais periféricas, votando ao abandono as que mais necessitavam do apoio da autarquia.
Qualquer governo local que não só use o slogan do desenvolvimento sustentável como o pratique, deve definir o importante objectivo estratégico de promover o desenvolvimento harmonioso de todo o território, combatendo, convictamente, as injustas assimetrias existentes.

8 comentários:

  1. Pois é, é verdade o que refere sim senhor, claro que mesmo as freguesias mais periféricas do concelho da Póvoa estão muito mais desenvolvidas que as mais desenvolvidas do interior, mesmo algumas sedes de concelho no interior do pais são um autentico deserto quando comparadas com Balazar ou Rates.

    Mas o que mais destaco do que diz é o desperdicio que a CM vem sucessivamente fazendo quando vem repetindo intervenções em sitios da cidade que dão votos, é o caso da praça do almada, da rua da junqueira e da marginal. Uma obra pública deveria ter como horizonte de vida os 50 anos habituais, mas aqui na Póvoa muitas vezes nem sequer 10 anos de vida têm, tudo depende do show off que for necessário fazer para ganharem votos e, claro, com os custos pagos por todos nós, o que é que querem?, é a vida!

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  2. Achei de muito interesse esta entrada do autor do blogue, assim como o primeiro comentário colocado.

    Gostaria de contribuir com mais dois pontos de vista relativos a este assunto:

    1º A assimetria litoral/interior que se vive em Portugal é chocante. Tanto mais que o país é praticamente um grande litoral. Em Espanha, só a título de exemplo, qualquer localidade que se situe a 50 quilómetros do mar é considerada litoral. Não se pode admitir que um concelho litoral, como a Póvoa de Varzim, possa acolher semelhante assimetria. É ridículo! É um desperdício de potencialidades! É fruto de uma visão míope dos responsáveis políticos locais!

    2º No nosso município podemos facilmente identificar duas freguesias como “ultra-periféricas”: Rates e Balazar. Qualquer observador exterior que veja o mapa do município pela primeira vez certamente manifestará estranheza perante este extravagante “apêndice”. Os poveiros sabem que estas freguesias estavam muito mais próximas da sede de concelho da Póvoa de Varzim enquanto existia a linha ferroviária Póvoa de Varzim – Famalicão. Hoje em dia, qualquer pessoa que experimente as várias vias rodoviárias para se dirigir às referidas freguesias constatará que a viagem é mais rápida e cómoda resulta atravessando o concelho de Vila do Conde. Será lógico manter no futuro Rates e Balazar ligadas à Póvoa? Não terão as populações destes dois municípios maiores ligações e afinidades com concelhos vizinhos? Admito que desconheço as afinidades que os habitantes destas freguesias possam sentir em relação ao concelho da Póvoa de Varzim. Nem pretendo que alguém se sinta ofendido com este comentário que resulta apenas de uma simples observação lógica. Acho apenas que talvez seja hora de colocar este assunto a discussão e ouvir as populações em causa.

    Ao Professor Gonzaga agradeço a gentileza da cedência deste espaço para exposição e discussão de ideias.

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  3. Pergunta filosófica...

    porque é que tantos anónimos são anónimos?
    Hipotese:
    1-São cobardes...
    2-Saõ preguiçosos...
    3-Tem algo a esconder...
    4 - são mentirosos e desonestos...
    5 - não tem tempo para se registar e mesmo no fim não colocam o nome porque tem pressa porque:
    a) usam o computador da Cãmara municipal, da repartição publica ou da entidade patronal;
    b) usam os ciber-cafés e não querem conspurcar as passwords..
    C) são socialistas e ao serviço numa autarquia laranja, ou sociais democratas numa autarquia socialista...

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  4. O anonimáto quando usado com decência nada tem de errado, há que valorar o comentário e não o comentador, a blogoesfera não é um big brother;
    Bem sei que o ser humano duma maneira geral se dá bem com a cusquice e com a mal dicência do vizinho mas aqui valorizam-se mais as ideias que o culto da personalidade, ainda bem que pessoas decentes, bem formadas, cultas e com nivel academico bem superior podem transmitir aos outros os seus conhecimentos e ideias, se isso incomoda alguns pois que criem o seu blogue e aí limitem os comentários aos anónimos, quanto a este parece-me que o seu autor não está minimanente preocupado com os anónimos pois se assim fosse tinha criado essa limitação ou então censurava os comentários que entendesse.

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  5. Começa a chatear a quantidade de indivíduos que aparecem nos blogues locais a comentar anonimatos. Como resultado iniciam-se discussões que se desviam do assunto original, revelando-se assim falta de respeito para com os autores e as ideias por eles lançadas.
    Quando o autor do blogue escrever sobre os anonimatos comentarei os anonimatos.
    Agora, por favor, não nos desviemos do assunto do post.

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  6. Para o anónimo da pergunta filosófica: porque será que o voto é 'anónimo'?

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  7. Porque é que o anónimo do dia 27 de Outubro, às 10h18, critica e ataca os autores dos comentários anónimos, se ele próprio também comentou como anónimo?

    Pelo meneos, podia ter feito como alguns camaradas seus que assinam por baixo, com o seu nome ou com o de outra pessoa.

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  8. Realmente a linha de Famalicão ter fechado foi motivo de atrazo para todo o concelho...
    No meu tempo de aluno da Eça ( à altura ainda Liceu Nacional da Póvoa de Varzim)eram muitos os coelgas que vinha de comboio para a escola...ainda não havia isso de agora que são os transportes escolares...Mas também nessa altura faziamos todos Argivai-Povoa a pé pelas seis da manhã de inverno e de verão quer chovesse ou fizesse sol...ainda me lembro de me sentir aquecido no Inverno pelos farois dos carros que circulavam em sentido contrário...

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