quarta-feira, 9 de setembro de 2009

"Temos Obra"



Se fizermos uma curta pesquisa sobre a conjugação destas duas palavras, encontraremos uma enorme quantidade de candidatos autárquicos, na sua esmagadora maioria Presidentes de Câmara ou de Juntas de Freguesia que, um pouco por todo o país, apelam ao eleitorado através deste slogan ou de outro semelhante.
Vários destacam a enorme capacidade para “fazer obra” ou “organizar evento”, sendo inúmeras as situações em que essa obra não é mais do que acto isolado, desenquadrado de qualquer tipo de visão estratégica para o concelho ou freguesia e que não se enquadra na promoção do desenvolvimento sustentável dos respectivos espaços, comprometendo até, em muitos casos, as gerações mais novas. O que é preciso é “mostrar obra”.
Estamos perante a “obra pela obra” e, em muitas situações, desperdiçam-se recursos para sustentar projectos cuja utilidade é, no mínimo, duvidosa.
Numa altura em que tanto se discute, também no plano nacional, o cuidado que se deve ter nos investimentos a efectuar, talvez fosse interessante rever uma interessante telenovela brasileira chamada Bem Amado, que passou, no início dos anos oitenta, em Portugal e em que o autarca, Odorico Paraguaçu, faz também a sua grande obra, neste caso um cemitério, mas depois não encontra “clientes naturais” para ela e, para justificá-la, contrata um assassino (Zeca Diabo) para poder proceder, finalmente, à sua inauguração.

4 comentários:

  1. "Seu" Odorico tornou-se, naquela altura, o ídolo de muitos autarcas com apetites de "pedreiro". E o pior é que a escola ficou e estendeu-se!
    Em quase todas os concelhos de Portugal há um pouco de Paraguaçú.

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  2. Um pouco, é favor.
    O país é um imenso Paraguaçu!!!

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  3. Ou estou enganado, ou parece-me que este tema dos Odoricos cá da terra, já foi gozado em mais de um texto de um dos cronistas cá do burgo.
    Se calhar não lhe prestaram atenção. Ou então falou fora do tempo.

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  4. Os Odoricos estão de volta. Vários prédios em construção apresentam um pé-direito de rés-do chão inferior ao prédios contiguos. O que quer isto dizer? É que em fim de mandato os "Recuados" estão de volta.

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